quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Educar para crescer

O título desse texto foi descaradamente copiado de uma matéria que li na revista Cláudia (não anotei a edição, falha nossa). Gostei muito da matéria, com um tanto de surpresa, admito, pois geralmente esse tipo de veículo mais me decepciona do que agrada, principalmente no que tange a assuntos metafísicos como a educação de crianças.

Pois bem, a matéria elenca seis pontos importantes para ter em conta quando temos a enorme responsabilidade de educar, seja como pais, como avós, tios, professores, ou até mesmo pra quem convive esporadicamente com crianças, pois é nos pequenos gestos que demonstramos nossos valores.

Vou citar os pontos levantados, com alguns comentários meus:

1. Ser responsável: a matéria cita o clássico "guardar os brinquedos". Se a criança tem capacidade para pegar um brinquedo da estante, tem capacidade para guardá-lo. Parece bobo, mas é de pequeno que se aprende a tirar o prato da mesa, a arrumar a própria cama, a cuidar das roupas, a gostar de cozinhar e por aí vai, tudo em seu tempo, sem exigir da criança tarefas para as quais ela não está preparada. E atenção à questão de gênero!!! Não é porque é menina que TEMQUE aprender a cozinhar e não é porque é menino que não será tão cobrado nas responsabilidades domésticas. Lembrando que o exemplo dos adultos é fundamental. Não adianta cobrar responsabilidade dos pequenos se não cumprimos combinados. Pense antes de falar e, depois que falou, cumpra.

2. Pensar e agir sem ajuda externa: nessa eu vibrei! Deixemos as crianças errarem, fazerem diferente, demorar um tempão, vestir do avesso. Assim estamos deixando com que aprendam a aprender. O papel do adulto é fazer as perguntas certas e não dar as respostas (isso me lembra da relação mestre-discípulo: quem pergunta é sempre o mestre).

3. Colocar-se no lugar do outro: a matéria fala do mundo individualista em que vivemos e de como os jovens são autocentrados. Aqui vejo mais uma vez a importância do exemplo. À medida em que os pais procuram conhecer os vizinhos, os pais dos colegas da escola, as redes vão se formando e fortalecendo, permitindo com que possamos conhecer melhor a história da pessoa e os motivos pelos quais ela age de determinada maneira. Conhecer ao invés de reclamar. Eita lição de casa!

4. Fazer por merecer: primeiro a matéria alerta para não criarmos crianças mimadas que não se esforçam para ter o que desejam e depois pontua que reconhecer o esforço é uma coisa e premiar grandes resultados é outra. Esse é um detalhe muito importante, que me foi mostrado pelo livro A Ciência dos Bebês (John Medina) e que recomendo fortemente. Basicamente, não interessa a nota que a criança tirou na prova, mas o quanto ela estudou para alcançar aquela nota e é esse esforço que deve ser elogiado e recompensado. Se estudou muito e tirou nota baixa, precisa investigar o sistema de avaliação; se estudou pouco e tirou nota alta também ;)

5. Sentir e mostrar gratidão: ah como me comove quando crianças pequenas dizem um "obrigado!" sincero. Na matéria é ressaltado que as crianças não tem vivido a expectativa do desejo, são atendidas prontamente, e isso deixa a gratidão no esquecimento. Acho que cabe aos pais também chamar a atenção pra tudo de bom que existe na vida da família, que aquilo não vem "do nada", como é bom poder ter ou fazer tal coisa.

6. Saber lidar com as próprias emoções: a matéria chama para a importância dos pais prepararem seus filhos para lidar com medos, expectativas, frustrações. Aqui complica, porque a maioria de nós, adultos, não lidamos bem com nossas emoções, então, como ensinar o que não sabemos?! O livro citado acima também alerta para a importância dos pais saberem lidar com as próprias emoções, talvez como o ponto mais importante na formação de um ser humano. O ideal seria todo mundo fazer terapia, mas pra quem não quer ou não pode, a dica é estar atento às emoções (próprias e das crianças) e pontuar os estados emocionais, se possível dizendo mesmo em voz alta: estou com raiva, estou frustrado, você está assim porque está sentindo ciúme. Uma vez identificada a emoção fica mais fácil entendê-la (empatia) e transmutá-la. E como as crianças pequenas não conhecem as emoções ficam ainda mais assustadas, por não entenderem por que estão daquele jeito. Quando nomeamos o sentimento, as coisas se encaixam e a criança descansa.


Seria possível resumir tudo em: é preciso estar atento e forte. Atenção aos mínimos detalhes. Olhar de verdade, ouvir com atenção, deixar o celular de lado, desligar a TV. Comprar menos, fazer mais. Perguntar como foi, como está, como vai ser. Conferir se foi mesmo. Entender por que não saiu como previsto. Estar disposto a esperar uma resposta, uma atitude, mas assumindo o papel de responsável. Saber sair de cena. Saber entrar em cena. Estar preparado para um improviso diante da plateia. E olhar no espelho, muito, sempre. Precisa força, precisa energia, precisa descanso. Precisamos nos cuidar para poder cuidar deles. É preciso estar atento e forte.


Nenhum comentário:

Postar um comentário