terça-feira, 30 de abril de 2013

Dilemas maternos

Como ou durmo?
Como ou tomo banho?
Como ou escovo os dentes?

Relato de puerpério - cap. III

Acabou a quarentena!

Na prática não sei o que isso significa, pois não ouvi sininhos nem vi luzes cintilantes :( mas não deixa de ser mais uma etapa cumprida \o/

Cumprida e comprida... quem aí disse que passa rápido?! Eita memória curta e seletiva desse povo, sô! Ou o meu pacote que veio mais recheado? Duvido... duvido que todas as mães que me dizem "aproveita, passa tão rápido", tiveram todas as regalias que tenho. Regalia modo de dizer, pois eu acho que todo bebê deveria vir de fábrica com um pai companheiro, avós dedicadas, faxineira eficiente e silenciosa, casa ampla, arejada e iluminada, smart phone, iPod e internet wireless.

E por falar nisso, viva a tecnologia! Antes (ah, antes...) eu me imaginava amamentando e meditando, placidamente, ouvindo o canto dos pássaros ou algum mantra ou música clássica e a mente ali, focada no bebê e naquele momento sublime. Mas na vida real (ah, a vida real), se não tenho um aparelhinho nas mãos começo a ficar inquieta... tenho sim meus códigos de etiqueta e resguardo as mamadas de começo e fim de dia a essa introspecção que eu almejava. Quando o Joaquim está acordado também deixo os aparelhinhos de lado... tem falta de educação mais irritante do que estar junto de uma pessoa que não larga o celular?! mas é só ele se entregar ao pleno deleite, com os olhinhos fechados e a boquinha trabalhando, que não resisto! Faço meu tour habitual por e-mail, Facebook, 9gag e alguns dos meus sites favoritos, que nada tem a ver com o universo materno-infantil. Às vezes leio algo relacionado à maternagem, só pra lembrar onde estou, rs...

A Laura Gutman fala que o puerpério é um universo à parte, que a mulher mergulha num mundo só seu (e do bebê) e que isso é fundamental para que a amamentação tenha sucesso, para que o bebê cresça, enfim, que é preciso entregar-se e viver esse universo paralelo. Eu já acho que se a mulher não tiver alguma "janelinha", morre sufocada - e louca. Essa coisa de quase não sair de casa tem que ser compensada de alguma forma. E quem diz isso é uma caseira assumida!

No meu caso, a amamentação vai muito bem e o Joaquim cresce a olhos vistos, então acho que a conexão 3G não tem atrapalhado a conexão mãe. Tenho cá meus cuidados. Um deles é não ficar manuseando celular com o Joaquim no colo (prefiro o iPod, acho que emite menos radiação, sei lá...), mas logo que ele nasceu eu ganhei do maridão um smart phone e agora sou a maior entusiasta desse aparelhinho, acho que todo mundo deveria ter direito a um :D eu tiro fotos do filhote, gravo seus barulhinhos (!), mando as fotos pras tias, avós... logo eu, tão "pé atrás" com essas tecnologias... mas, quer saber? Adoro tecnologias!


Pais corujas? Imagina...

sábado, 27 de abril de 2013

Estamos na sala. Papai colocou uma música gostosa, acendeu a lareira e foi fazer o jantar. Acabamos de te dar um banho com água quentinha e sabonete cheiroso. Você mama tranquilamente envolto em meus braços, vestindo o pijaminha macio que a tia Ana deu.

Esse cenário de paz, carinho e aconchego me faz pensar em quem não o tem. Primeiro lembro dos bebês de famílias menos abastadas, que não podem ter "tanta maciez" e não tem direito a um ambiente tranquilo. Mas aí penso que posso estar tendo um julgamento torto, pois se esses bebês tem o amor de suas mães, isso importa muito mais que o algodão egípcio... então penso em quantos bebês envoltos em panos caros estão solitários em seus berços de ouro chupando chupeta.

O que eu queria é que todos os bebês tivessem maciez e aconchego, peito, colo e amor.

Você tem tudo, filho!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Estudando as vacinas

Pra quem tem uma educação homeopática, a questão das vacinas não é tão simples quanto seguir o calendário oficial e ponto. Tem todo um entendimento mais amplo do que é saúde, o que é doença e como esses dois estados se equilibram. Além disso, não costumo comprar os pacotes fechados e lá vamos nós destrinchar mais um tema.

A primeira coisa que fiz, e que inocentemente achei que resolveria meu dilema, foi procurar uma pediatra homeopática. Caí do cavalo! Ganhei um olhar reprovador ao dizer que o Joaquim não foi vacinado na maternidade, seguido de um discurso pobre a favor das vacinas que não me convenceu - cabeça dura taurina, eu sei.

Fui então pra literatura mais alternativa da pediatria e de novo dei com os burros n'água! No Livro da Maternagem, da Dra. Relva, o capítulo sobre vacinas é paupérrimo. Basicamente diz que tem que vacinar. Não discute, não aprofunda. O Carlos González, referência em "educar com amor", tem um livro só sobre vacinas, também a favor das mesmas, mas pelo menos faz um verdadeiro "tratado" em defesa das imunizações artificiais. Confesso que só dei uma folheada, mas como o contexto dele é a Espanha, não sei se vai ajudar muito no meu dilema.

Aí apelei e fui pro Consultório Pediátrico, livro clássico da medicina antroposófica. O contexto também não colabora, pois o cenário é a Alemanha de 1984 :/ mas gostaria de compartilhar alguns pontos que achei bem interessantes:

"Ao se impedir pela vacina a ocorrência de uma moléstia, deu-se apoio ao corpo sem nada oferecer à alma para seu desenvolvimento. Esta se tornará talvez, através de um saudável comodismo, mais indolente e leviana do que uma alma que teve de empenhar suas forças na vivência da doença".

"A vacina não prejudicará pessoa alguma que, depois da vacinação, receber uma educação espiritual em sua vida futura. Educação espiritual implica, nesse caso, que o cerne espiritual do ser humano receba estímulos suficientes para fazer desabrochar sua atividade própria e que por intermédio de uma educação unilateralmente materialista não lhe sejam colocados obstáculos no caminho para reconhecer claramente sua indestrutível natureza espiritual".

E durma com um barulho desse!

Mas antes que me chamem de irresponsável, antes que digam que "com saúde de filho não se brinca" (aliás, é justamente por ter essa consciência é que estou tão cautelosa com relação às vacinas), digo que não tenho nenhuma posição radical, só quero entender direito todos os riscos que corro (porque vacinar também implica em riscos).

Sem conclusões por enquanto, mas se eu conseguir alguma informação interessante, prometo complementar essa postagem :)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Pequena "sacação" sobre o desmame

A vida de mamífero do Joaquim está apenas começando e ainda tem uma longa estrada pela frente, mas esses dias tive uma "sacação" (prefiro ter sacações do que insights, hehe) sobre a dificuldade que o desmame representa pra muitas díades mãe-filho... geralmente pensamos que pra criança é difícil, mas tem um aspecto na mãe que deve pesar bastante: a partir do momento em que a criança desmama, a mãe deixa de ser fundamental na sua sobrevivência. Claro que do ponto de vista prático não é assim, mas estou falando justamente sobre as amarras invisíveis existentes nessa relação, sejam elas laços, nós, emaranhados...

Essa sensação de ser fundamental para a sobrevivência de outra pessoa pode enveredar por muitos caminhos, mas logo de cara é algo que traz um certo poder (pra não dizer "plenos poderes", rs...). Repito: na prática não é assim, existem mamadeiras e leites artificiais, existem outras pessoas pra cuidar, mas a sensação é a de que se eu não estiver aqui, ele não sobrevive. Cito novamente Winicott: O bebê não existe sozinho, ele existe com sua mãe.

E essa relação vai se consolidando conforme a amamentação progride, ainda mais se for exclusiva. Um belo dia o bebê começa a comer, mas continua mamando, pois precisa daquela mamada pra dormir, pra relaxar, pra se sentir seguro. A mãe - e só a mãe - é quem proporciona todas essas dádivas. E quando é chegada a hora da separação, por mais que a mãe queira ou precise, sob aspectos práticos ou fisiológicos, lá no fundo a mensagem é que esse bebê não precisa mais de mim. E de deusa provedora da vida ela passa a ser uma mera figurante dispensável! E ainda falamos que a criança não quer desmamar...

Sim, dramatizei, mas me diga, você que já teve que desmamar uma cria, minha sacação procede?

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Relato de puerpério - cap.II

A lua girou, girou, traçou no céu um compasso, a lua girou, girou...

Joaquim nasceu no último dia da lua nova de março e hoje é o último dia da lua nova de abril. Completamos esse primeiro ciclo com muita alegria!

O cansaço já não é mais o mesmo de quando escrevi o primeiro capítulo desse relato. Com ajudas concretas de marido, mãe e faxineira o fardo fica mais leve. Estou mais atenta também aos meus limites e à necessidade de pedir e aceitar ajuda. Tenho conseguido me posicionar melhor em relação ao que eu quero e preciso. Tudo isso ajuda a chegar no fim do dia com disposição pra encarar a noite, pois nem sempre a trilogia banho-jantar-dormir acontece do jeitinho que meu biorritmo gostaria...

Mas vamos falar sobre as noites, que é a pergunta favorita até agora! “E aí, tem conseguido dormir?”.
Respondo que sim, tenho dormido até que muito bem pra o que eu esperava, dados os relatos que sempre ouvi dessa fase. Às vezes, dependendo de como foi o dia (se teve muita visita, se saímos...), o Joaquim demora mais pra dormir... ele mama, mama, mama, quase dorme, fica acordado um pouco em cada colo (o meu e o do papai), mama mais, mais e mais, faz que vai dormir, dorme. Aí coloco ele na cama e em meio minuto vejo aqueles olhões lindos percorrendo o quarto. Vai de novo pro colo do papai, que a mamãe já não tem costas nem ombros nem braços aí bastam mais alguns instantes pra se render e finalmente dormir.

Mas não é sempre, mesmo porque não é sempre que temos muitas visitas ou que saímos, ou seja, já é uma dica: se quer resguardar sua noite de descanso – e a do seu filho, é claro! – seja cuidadoso com a quantidade e freqüência de pessoas na casa e saia o mínimo possível – só pra ir no médico, basicamente, rs...

No decorrer da noite, geralmente a rotina é: acorda com um resmungo (não precisa nem chorar, pois ele dorme do meu lado e eu acordo com qualquer suspiro), troca fralda, mama, dorme. Sem grandes complicações. Já teve vez de ele dormir umas seis horas direto, já teve vez que eu acordei antes dele com o peito doendo de tanto leite, já teve vez que ele acordou a cada duas horas, enfim, ainda não encontrei um padrão, mas nem to preocupada com isso...

O que certamente faz diferença no sossego da madrugada é dormirmos juntos. Às vezes ele fica meio agitado, incomodado, então eu só seguro na mãozinha dele e vejo que já ajuda. Bom, como tudo hoje em dia tem um “nome técnico”, se quiser saber mais sobre a prática, busque por “cama compartilhada”. Ainda vou escrever especificamente sobre isso, mas por enquanto não é o foco.

Quanto à rotina do dia, a única coisa que sinto falta é não poder começar a fazer nada que não possa ser interrompido (a não ser tomar banho, rs...). Essa disponibilidade em tempo integral cansa, mas com certeza se reflete em menos choro, noites mais tranqüilas, etc... também tem um nome e é “amamentação em livre demanda”. É a coisa mais óbvia, é recomendação oficial (Ministério da Saúde e cia.) e não sei por que ainda insistem nessa coisa de mamar a cada X horas por Y minutos.

Nesse quesito adoro o conselho de uma tia avó do Paulo Cesar: TETA NELE! Não sabe o que fazer? Teta nele! Não sabe se é dor, frio, calor e acha que não é fome porque acabou de mamar? Não importa, teta nele!

Falam que o Joaquim é tranqüilo... pra mim é só a condição normal de um bebê que mama quanto e quando quer. E que fica no colo, e que dorme do ladinho da mamãe, e que tem uma mãe amparada, e que tem um pai carinhoso e presente, e que mora numa casa tranqüila. “Só” isso :)

A foto é antiga, de quando ele completou uma semana, mas acho que ilustra bem minhas reflexões do primeiro mês... Foi tirada pela vovó Cris :)

domingo, 14 de abril de 2013

Sua mão chama a atenção de todos por ser tão grandona e os comentários são inevitáveis. A vovó Cris fala que você vai ser pianista, o tio Lucas diz que vai ser jogador de basquete e o Lino, nosso amigos das montanhas, ficou contente porque vai ser bom pra pegar na enxada!

Música de boa noite


Estrela - Gilberto Gil


Há de surgir
Uma estrela no céu
Cada vez que você sorrir
Há de apagar
Uma estrela no céu
Cada vez que você chorar
O contrário também
Bem que pode acontecer
De uma estrela brilhar
Quando a lágrima cair
Ou então
De uma estrela cadente se jogar
Só pra ver
A flor do seu sorriso se abrir
Hum!
Deus fará
Absurdos
Contanto que a vida
Seja assim
Sim
Um altar
Onde a gente celebre
Tudo o que Ele consentir


quarta-feira, 10 de abril de 2013

Deixa chorar


A ideia de deixar um bebê chorando sempre me foi estranha. Depois de ler Laura Gutman, Carlos Gonzalez, Frédérick Leboyer, o Blog do Cacá e algumas outras coisas, vi que mais do que estranho, deixar um bebê chorando é uma grande violência. Agora, que tenho um bebê sob meus cuidados, isso é absolutamente impensável!

Só de imaginar um bebê chorando sozinho, eu choro. Gente, como pode uma mãe ficar indiferente ao choro do filho?! Ou, como pode uma mãe sofrer pelo choro do filho, mas mesmo assim deixá-lo chorar, porque alguém disse que "faz bem pros pulmões", ou que se pegar vai ficar mal acostumado?!

O livro Shantala, do Leboyer, que descreve uma técnica de massagem para bebês, começa com um texto lindíssimo sobre o nascimento. Ele indaga quando que a vida começa, se seria no nascimento, mas diz que a vida começa no útero. Então o que começaria com o nascimento? O medo. Ele fala também da fome, essa sensação inédita pro pequeno ser. Fome de leite e fome de contato.

Dentro, a fome
fora, o leite.
E, entre os dois,
a ausência,
a espera,
sofrimento indizível.
E que se chama
tempo.

(...)

É preciso alimentar os bebês.
Sem dúvida alguma.
Alimentar a sua pele tanto quanto o ventre.

(...)

Os bebês tem necessidade de leite.
Mas muito mais de ser amados
e receber carinho.

E tem ainda outra coisa, que me passou na cabeça nas longas horas de mamadas do Joaquim... se pra mim é difícil assimilar a nova fase, pra ele deve ser muito mais! Minha vida virou de ponta cabeça, mas eu vinha me preparando, eu tenho muito apoio, etc... e ele? Pra ele é TUDO novo e esse medo de que fala o Leboyer é muito real. Dá pra ver o medo nos olhinhos dele cada vez que o peito demora milésimo de segundo pra chegar na boca, cada vez que ele sente frio, ainda que eu saiba que também é por pouquíssimo tempo até fechar o macacão. Não dá pra fazer vista grossa a esse medo...

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Preceito Moderador

Foi logo nos primeiros dias com o Joaquim que eu lembrei daquele aviso de segurança que recebemos nos aviões: se precisar ajudar uma criança a colocar a máscara de oxigênio, primeiro coloque em você e depois na criança.

Ou seja, o bebê quer mamar e já começa a dar seus resmungos, mas preciso fazer xixi, por exemplo. Primeiro vou ao banheiro, mesmo que isso implique num pequeno choro, pois assim eu estarei mais confortável e poderei cuidar direito do bebê. Isso serve também pra quando estamos com fome, frio, enfim, condições básicas de conforto, que se não são satisfeitas não vão nos deixar totalmente entregues para o que o bebê precisa.

Isso geralmente nem vira um choro "de verdade" e faz toda a diferença.

E tem também as situações em que o choro "engrena", mas também por uma boa causa. Por exemplo: estou exausta, fiquei com o bebê o dia todo, ele não dorme e preciso desesperadamente de um banho (que representa também preciosos minutos de "retorno ao que eu era", de momentos "de mim comigo mesma"). Se tem alguém que possa ficar amorosamente com ele no colo (pai, avó...), mesmo que ele chore, corro pro banho e me dou esses instantes... saio revigorada e posso me dedicar a ele com muito mais leveza e entrega! Felizmente por aqui é raro lançar mão desse recurso, mas acho totalmente válido... vital, eu diria!

sábado, 6 de abril de 2013

Relato de puerpério - cap. I

O puerpério é esse tempo de pós-parto, com duração meio indefinida, mas podemos assumir a antiga "quarentena" ou "resguardo". É um período muito delicado, por motivos óbvios, tais como ter um bebê que depende exclusivamente e full-time de você, mas também por motivos menos conhecidos ou negligenciados.

O cérebro da puérpera - essa que vos fala, por exemplo - opera em outra frequência, em outro ritmo, COMPLETAMENTE diferente dos demais seres humanos. Perguntas, por exemplo, me atordoam. Hoje me dei conta de que o que eu mais tenho dito ultimamente é "não sei". O que vamos comer hoje? NÃO SEI. O que você quer comer hoje? NÃO SEI. Como você prefere tal coisa? NÃO SEI. Quantas vezes o Joaquim mamou hoje? NÃO SEI. Quanto ele dormiu da última vez? NÃO SEI. E as perguntas quantitativas são as piores! Que horas, quantas vezes, quanto, quanto, quanto??? NÃO SEI, NÃO SEI, NÃO SEI!!! E sabe do que mais?! Não QUERO saber!

E quando a gente sabe, mas não consegue formular uma resposta? Mutcho loco!

Isso acontece por causa dessa outra frequência e outro ritmo cerebrais, corporais, emocionais, espirituais, mas também por causa do cansaço.

E como cansa, minha Nossa Senhora do Bom Puerpério! (interessante como o parto é cercado de cuidados, métodos, relatos, Nossas Senhoras e Boas Horas e acaba tudo que nem nos contos de fada: a princesa e o príncipe se casam e simplesmente "viveram felizes para sempre"! É aí que a vida começa, meus caros, e resumir a vida em "felizes para sempre" é a maior sacanagem... bom, com a chegada de um filho é mais ou menos assim e eu sabia. Não posso dizer que ninguém me avisou, mas teoria é uma coisa e prática é outra).

Enfim, cansa demais e isso também traz confusão mental, dor nas costas e aquela sensação de peso sobre os ombros, como se o mundo inteiro estivesse lá, tipo o Atlas, da mitologia grega, sabe?

E cansada tudo adquire proporções desproporcionais. Uma coisinha vira uma coisona em fração de segundo. O caldo entorna mesmo e pra voltar a uma situação um pouquinho mais digna precisa de muita paciência de quem está em volta.

Eu acho que o que mais cansa é a disponibilidade, é não ter tempo e espaço para exercitar os quereres, que nessa confusão podem ser tão simples como passar um creme no rosto ou escrever no blog. E é instantâneo como o bebê capta e reflete esse estado. Eu fico irritada, ele se irrita, não dorme, eu fico mais cansada, me irrito mais e ele além de não dormir, chora, aí eu choro também e esse choro é o pedido de ajuda que não tinha conseguido sair em forma de palavras, que nem o bebê. Mas é um mecanismo eficiente, porque palavras podem ser ignoradas, mas ignorar um choro, de recém-nascido ou de recém-parida, não é coisa que se faça.

Nessas horas a gente precisa de apoio. Sem perguntas, por favor. Sem foco no bebê, pelamordedeus, deixa ele quietinho no meu colo. Ou então espere a pobre puérpera dizer: você pode ficar com ele um pouquinho enquanto eu tomo banho?

A mãe cuida full-time do bebê. Cuida, cuida, cuida. Amamenta, troca, dá banho, faz carinho, diz palavras doces, cuida, cuida, cuida. TODA a atenção, TODA a energia está voltada pro bebê, mas ela também precisa de cuidados e alguém tem que se encarregar disso. É controverso, mas a mãe que cuida não pode se cuidar. Não cabe.

E por enquanto tá bom desse capítulo, que o Joaquim acordou :)

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Algumas pessoas me falam que não conseguem deixar comentários aqui no blog e acho isso uma pena, porque os comentários enriquecem muito! Quando você não conseguir, me mande um e-mail ou mensagem no Facebook que eu ajudo :)

Segue uma mensagem que recebi da Cibele, que foi minha companheira de trabalho de campo no mestrado e atualmente é mãe do Dante e professora universitária. Acho importante publicar, pra quem estiver passando por isso não achar que ficou louca (ou achar que ficou sim, mas que é normal - por mais paradoxal que isso possa parecer, rs...).

Carol, como eu me assustei com a chegada de Dante! Justamente por essas razões q vc descreveu tão bem... Desde sempre eu quis ser mãe, acompanhei o nascimento e os primeiros meses de 3 sobrinhos, e além disso sempre fui pé-de-boi pra trabalhar. Por essas razões, acreditava (pobrezita de mim) que tiraria de letra os cuidados com o Dante. Menina, na hora q eu cheguei em casa e me dei conta do q era REALEMNTE cuidar de um filho, me desesperei. Não conseguia dormir de tanta ansiedade por acreditar (piamente) q não daria conta. Várias vezes eu esquecia de almoçar, de escovar o dente, de pentear o cabelo. Fui no psiquiatra: 'doutor, acho q estou com depressão pós-parto...' e contei tudo. Ele sorriu docemente e me deu a resposta que eu menos esperava "Vc está ótima! É assim mesmo" rsrsrs Com o tempo, Carol, tudo se ajeita. Ignore solenemente os chatos de plantão q, ao invés de ajudar, dizem que 'depois piora, com o tempo fica mais complicado'. É mentira!!! Cada dia fica melhor, pois o tempo aumenta a sintonia entre mãe-filho-pai, além de vc simplesmente ir se acostumando com o rojão. Como dizia minha psicanalista, a mãe empresta, mesmo, a vida dela ao bebê, por um tempo. Depois vc vai conseguir retomar, aos poucos, sua vida, acredite. Beijo grande, boa sorte com seu pequeno. Cibele.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Música de bom dia



Estrada do Sol - Tom Jobim

É de manhã, vem o sol
Mas os pingos da chuva que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão a dançar
Ao vento alegre que me traz esta canção

Quero que você me dê a mão
Vamos sair por aí sem pensar
No que foi que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nossa manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão vamos sair
Pra ver o sol