terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A Mala da Maternidade

Hoje completamos 37 semanas de gestação! Dizem que a partir de agora o filhote pode nascer a qualquer momento, sem que seja considerado prematuro. Por outro lado, o tempo total pode chegar a 42 semanas e tenho visto várias amigas passarem de 41, ou seja, ainda pode levar um mês (!), então, por favor, não me apressem e nem me deixem ansiosa! Tenham consideração com essa pobre mãe de primeira viagem e não fiquem fazendo comentários do tipo: "tá chegando, hein?". E muito menos coisas assustadoras como: "ah, já passou de 40?!?! Começa a ficar perigoso, a placenta fica velha, o líquido aumenta/diminui, o bebê sofre, faz cocô, blá, blá, blá".

Para tranquilizar os mais preocupados digo apenas duas coisas: 1) essa contagem de "semanas" não é totalmente exata, pois leva em consideração a última menstruação e não o dia da fecundação, que é praticamente impossível de definir, ou seja, a gente "acha" que está com 37 semanas... pode ser mais, pode ser menos... 2) apesar de eu ser assim meio hippie, meio rebelde, sou acompanhada por uma médica obstetra, que obviamente sabe o que faz e conhece os riscos. Ok, assunto encerrado, mesmo porque não é disso que quero falar.

Vamos falar de arrumar malas, que é muito mais legal :)

Como nunca viajei pra uma maternidade antes, usei o recurso que mais me ajuda nas descobertas de novos horizontes: fui pra internet. E, além da novidade do "destino", essa viagem tem outro componente novo, que é a incerteza da data de partida. Como diria Milton, "coisa que gosto é poder partir sem ter planos, melhor ainda é poder voltar quando quero". Bem, partir sem ter planos, definitivamente não rola pra essa taurina, mas espero sinceramente poder voltar quando quiser...

Alguns sites falam pra deixar a mala pronta desde o sétimo mês e achei isso meio que um exagero. Imagina a ansiedade daquela malinha ali olhando pra você, e nada de chegar a hora. Não, isso não é pra mim. Mala pronta é sinal de pé na estrada; e meus pés coçam só de pensar em estrada!

Mas como também não gosto de correrias e improvisos, já fui pensando na tal da mala. Primeiro fiz uma lista. Se a hora chegasse antes do previsto, pelo menos seria só sair catando coisas, sem ter que raciocinar muito.

Aí conforme fui lavando as roupas e roupinhas, comecei a rechear a mala. Sem pressa, ela foi crescendo a cada dia - e ainda não está "fechada". Mas fui atualizando a lista, que vai diminuindo, ficando só com aqueles itens essenciais, que só dá pra pegar na hora mesmo.

E por falar em itens essenciais, o que mais? Temos roupas pra mim e pra ele, necessaires pra mim e pra ele, fraldas, absorventes, chinelo, meias, enfim, as coisas que os "sites de mamães" recomendam. E as "mamães de verdade", o que me dizem? O que é legal ter durante o trabalho de parto? Qual o item especial que eu vou sentir falta nos longos dias de hospital?

Prometo fazer um up-date dessa postagem pra contar o que foi muito útil, o que foi supérfluo e o que faltou... mas não tenha pressa... isso vai ser na volta e na volta eu vou ter brinquedo novo :)

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Toca da Onça, 27o dia de vida do Joaquim

Cumprindo a promessa, cá estou! Seguem os itens que acho interessante mencionar pra essa jornada:

- Absorvente: minha médica me recomendou que comprasse ao invés de absorvente, uma calcinha descartável e eu sabiamente acatei. O "nome técnico" é roupa íntima com proteção e achei da marca Plenitud (vende em farmácia, mas não é toda que tem). Não é barato (acho que uns 24,00 o pacote com 8), mas um pacote é mais do que suficiente e a praticidade compensa. É só vestir e pronto, não tem que ficar se preocupando em colar no lugar certo, não vaza e é super absorvente, então também não precisa ficar trocando. Acredite, esses detalhes fazem TODA a diferença na vida da recém-parida :)

- Pomada Lansinoh: é uma pomada gringa, 100% lanolina, pra passar nos mamilos. É legal passar depois de cada mamada e antes de tomar banho.

- Absorvente pros seios: esse absorvente é pra quando o leite vaza não molhar a roupa, mas a principal vantagem pra mim foi proteger a roupa/sutiã da gordura da pomada, pois é meio grudenta e também mancha a roupa.

- Robe: foi tudo de bom ficar com o meu lindo robe pink ao invés de qualquer outra roupa.

No mais, as listinhas da internet ajudam a não esquecer de coisas importantes, como um chinelo, e a montar a malinha do baby. Ah, sobre a malinha do baby só uma ressalva: leve roupinhas de vários tamanhos, pois nunca se sabe... todo mundo falava que o Joaquim ia nascer grandão (e realmente nasceu), mas mesmo assim a maioria das roupinhas de recém-nascido ficavam grandes.

E a não ser que você seja uma celebridade internacional, desencana de "saída de maternidade". Se você nem sabe o que é, ótimo, rs... mas é um conjuntinho de macacão, manta e sei-lá-mais-o-que, pra produzir o bebê pros paparazzi (só pode ser!). Na saída você só vai querer chegar logo em casa, não vai ficar tirando fotos no saguão da maternidade (eu acho que não, pelo menos...), então qualquer roupinha confortável com qualquer mantinha gostosa servem - e espero que todas as roupinhas do seu baby sejam confortáveis e todas as mantinhas sejam gostosas ;)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Sobre o "Parto Humanizado"

Quem me conhece um pouco e sabe que eu sou assim meio natureba, meio alternativa, meio hippie, meio ecológica, não tarda em perguntar se eu vou querer um "parto humanizado". E o pior é que eu não consigo esconder meu desconforto com o termo. Como assim "humanizado"? Se não é humanizado, é o que? "Ô moço, me vê um parto desumano aí!" Mas o pior, pior mesmo, é saber que existem sim partos desumanos, que existe violência obstétrica, que existe desrespeito e negligência num momento tão importante e delicado. E quem é responsável por isso? Algum bicho? Alguma máquina? Claro que não... são humanos... Humanos dos quais eu quero distância, mas que são tão camuflados que fica difícil perceber os disfarces.  O melhor seria deixar de lado esse parto humanizado e buscar um parto animalesco, selvagem, uma coisa Maria Marruá parindo sozinha na beira do rio. Mas isso é pra mulher-onça... não é pra mulher que usa iPod, tsc, tsc, não mesmo.  E lá vou eu pro parto humanizado. Que seja, antes assim.
Ei filhote, tá chegando a hora, hein? Pelo tanto que você mexe, pula, estica e empurra desconfio que você já esteja meio cansadão dessa vida de ponta cabeça :)

Quando quiser, pode vir, mas não se apresse. O seu tempo que manda. Eu tô bem (bem grandona, bem pesadona, rs...) e posso esperar o tempo que for preciso pra que você fique prontinho. Todo mundo fala que a vida dentro do útero é uma maravilha, um paraíso, e o nascimento representa um grande trauma, pois a gente passa a sentir frio, fome, dor, vazio... eu tenho cá minhas dúvidas se a vida aí é tão boa, sinceramente não lembro, mas acho que esse aperto e esse escuro não são assim minha definição de paraíso. Enfim, não adianta "achar" nada. Quando chega a hora, chega a hora, queira ou não, goste ou não. Talvez essa seja a primeira lição de que nem sempre nossas vontades serão atendidas...

Mas como essa hora é inevitável, vamos transformá-la, de fato, na "boa hora" que tanto nos desejam. Eu e seu pai estamos cuidando de tudo pra que sua chegada seja da forma mais suave possível. Você terá uma mulherada à sua espera, uma mais linda do que a outra! Linda no sentido mais amplo da palavra, essa lindeza de coração e de alma, que transborda pro rosto, pras mãos e pro corpo todo. Sua chegada está cercada de cuidados, venha tranquilo.

Seu quarto é um chuchu! Cada objeto foi escolhido a dedo, novo ou antigo, nosso ou emprestado. E tem o aconchego das mãos de fada da Tia Ana e da Vovó Cris, que costuraram cortinas e almofadas. Tem mais, muito mais, venha ver!

Suas roupinhas são uma delícia! Já estão lavadas, passadas e guardadas. A maioria foi da sua prima Clara, mas tem também o conjuntinho que o papai escolheu pra você, de algodão orgânico, e presentes deliciosos de vovós, titias e amigos.

Tem também as toalhas, os lençois, as fraldas e os "creminhos" da Weleda que a mamãe adora :)

O que mais?... ah, tem slings, cadeirinhas, mantas, edredom, tudo macio e gostoso pra você ver que, mesmo que a vida aí dentro seja uma delícia e você tenha uma certa desilusão ao ser tirado desse pequeno paraíso, você pode chegar à conclusão de que um contragosto pode ser o prenúncio de uma coisa nova e boa, que a gente nem desconfiava!

Aqui fora tem cores, tem cheiros, tem texturas, tem beijo. Tem paisagem! Ah, filho, e quanta paisagem eu quero te mostrar!

Venha tranquilo, a gente cuida de você!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Eu vi Mamãe Oxum na cachoeira



Eis aqui mais um relato das adoráveis coincidências da vida. "Coincidência" é um termo até superficial para os agrupamentos de sinais e interpretações que vão enfeitando nossa existência, mas, enfim...

Esses dias foi Dia de Iemanjá, o famoso 2 de fevereiro, com festividades por todo o litoral, uma vez que trata-se da Rainha das Águas. Eu achava, com meu vasto conhecimento acerca dos Orixás, que Iemanjá tinha como domínio apenas as águas salgadas, a "Rainha do Mar". E foi por isso que quando o Paulo Cesar, que é louco pelo mar, quis fazer uma oferenda pra Iemanjá nas águas de algum rio interiorano, tratei logo de tirar essa ideia da sua cabeça! Lembrei da música (a do título da postagem) e deduzi que Oxum deveria ser a Orixá das águas doces, sendo assim, seria no mínimo uma tremenda gafe fazer oferenda pra Iemanjá em águas doces. Sem falar na possibilidade de despertar a ira de Oxum, já que esse pessoal costuma ser vaidoso e ciumento.

Aí ontem, passeando por uma livraria, dei de cara com um livro chamado "Orixás - Forças Sagradas da Natureza". Um livro pequeno, de um artista plástico (João Makray), com gravuras lindas e pequenas descrições de 16 divindades, representantes dos quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Fui correndo pra parte das águas e confirmei minha suposição de que Oxum governa as águas doces! Ela é a rainha de todos os rios e cachoeiras e é também a padroeira da gestação e da fecundidade :)

Chegando em casa continuei a pesquisa e descobri que Iemanjá não é apenas a Rainha do Mar, mas de todas as águas, inclusive as doces (não sei como elas dividem as jurisdições, não fui tão a fundo na pesquisa... de qualquer forma, pelo sim, pelo não, eu não faria oferenda pra ela em água doce...).

Crenças e religiões à parte, eu sempre gostei muito de mitologia, sempre gostei dos símbolos, dos arquétipos, essa coisa Junguiana, esses mistérios da psique. E foi então um imenso prazer ser apresentada a Oxum, que protege as mulheres durante a gravidez e protege também as crianças pequenas, até que comecem a falar.

Iemanjá, por sua vez, é a Grande Mãe e as outras Orixás do elemento água e, portanto, que tem ligação estreita com o feminino e a maternidade são Nanã e Ewá. Nanã é a deusa dos mistérios, sintetizando em si morte, fecundidade e riqueza. E Ewá tem por domínio a vidência (sensibilidade, sexto sentido) e a criatividade.

Essas informações são do site ocandomble.wordpress.com, que achei bem interessante, com informações objetivas e bem organizado, mas não me foi recomendado por ninguém, a não ser nosso amigo Google.

Não precisa nem dizer que fiquei com uma baita vontade de conhecer melhor o Candomblé e toda essa riqueza de símbolos e rituais (ah, sim, também adoro um ritual!). Mas por enquanto me contento em sintonizar com essas forças, que, através desses e de muitos outros símbolos, nos ajudam a fazer um caminho de volta aos nossos instintos e valores mais profundos, muitas vezes adormecidos no lodo do rio, nos abismos do mar.