segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Introdução alimentar

E já se passaram seis meses! Caramba, o começo parecia uma eternidade! Todo mundo falando "aproveita, porque passa muito rápido" e eu achando aquilo interminável.

Depois de seis meses de amamentação exclusiva, sem chupeta, sem mamadeira, sem nada entre eu e meu filho, chega a hora de fazer a introdução alimentar.

Confesso que eu tinha estudado pouco esse tema, pensando "ah, não preciso ler isso agora, tem tempo". Só que o dia chegou e levei um susto! Comecei então a correr atrás e em uma semana já consegui ler e conversar bastante coisa.

Fomos numa consulta com a pediatra de Bragança, que deu as orientações básicas, mas não me convenceu... nem tanto pela orientação em si, mas pela fórmula pronta e estabelecida. Gente, o mundo não é assim! Até quando vamos ficar nesse engodo? Sei que a maioria das mães quer sair do consultório com uma receita simples; imagino que a maioria das mães vá se indignar com o pediatra que proponha uma reflexão sobre o tema e não dê nenhuma receita de papinha; imagino também que o pediatra que for sincero e mostrar que não existem estudos conclusivos sobre o que introduzir primeiro (frutas ou cereais?!), possa passar por confuso e com pouca credibilidade.

Mas eu não sou "a maioria das mães", ok? Não me acho melhor nem pior. Na verdade, só me sinto um ET, mas a vida já me calejou pra isso...

Aí fui ler. Li uns textos no Blog do Cacá e, claro, adorei. Falando da importância de celebrar as refeições, de ser um momento de convívio prazeroso da família e que isso é muito mais importante do que o que está no prato.

Li também Carlos González, que mostra os tais estudos - e a ausência deles - e compara as recomendações dos principais órgãos oficiais de saúde e pediatria do mundo. Existem divergências (que o autor considera de pouca importância, como por exemplo, se começa com fruta ou com cereais) e existem pontos em comum, que o autor considera importantes e destaca, como por exemplo o papel fundamental do aleitamento materno, inclusive durante a introdução alimentar, sendo a ingestão do leite materno priorizada.

Pra quem se interessa pelo tema, recomendo fortemente a leitura dos livros dele. Tem três compilados em um que chama Comer, Amar, Mamar, que é o que estou lendo.

Fomos também num curso de alimentação vegetariana para bebês e crianças, ministrado pela Ana Ceregatti, nutricionista que me acompanha desde a gravidez. O que gostei no curso é que ela apresenta a dieta vegetariana de forma bastante simples e possível, ou seja, não precisa fazer nenhum malabarismo. Resumindo simplificadamente, basta comer muito feijão e diversificar ao máximo os alimentos. Claro que não foi só isso, afinal ficamos lá duas horas e tem uma apostila, mas é por aí.

Pra encerrar a semana de imersão, peguei o Consultório Pediátrico, livro básico da pediatria antroposófica. Nem vou comentar muito, mas transcrevo abaixo dois trechos que me fizeram vibrar. O primeiro já era meu argumento, mas nada como vê-lo escrito em um livro! E o segundo, também já fazia parte do meu entendimento, mas não tinha conseguido formular em palavras.

"Para a criança é mais conveniente receber a alimentação mais variada da mesa do almoço e do jantar, com exceção daquilo que ainda lhe é indigesto e da proteína animal. Neste contexto, pode-se questionar se para uma criança não é incompreensível o fato de crianças maiores receberem carne e ela não. Convém lembrar aqui que às crianças pequenas também não se oferece álcool, café e chá preto. Convém às crianças aprenderem desde cedo que existem coisas inadequadas a seu estado evolutivo, as quais ela pode aguardar ansiosamente até atingir a idade apropriada. Quando os pais tem certeza de suas decisões, estas são aceitas rapidamente pela criança. Os problemas surgem apenas quando os próprios adultos se sentem inseguros quanto ao fato de a privação de um determinado alimento ter sentido ou não, para a criança. Tal insegurança é imediatamente percebida por ela, que passa então a insistir até que o adulto "amoleça" e acabe cedendo"

Sobre suplementação de vitamina D, que não é exatamente ligada ao tema de introdução alimentar, mas também se refere a nutrição: "É fundamental que a mãe sempre possa ter tempo para "iluminar" seu filho, no verdadeiro sentido da palavra, e brincar com ele. Pois a dedicação carinhosa por parte das pessoas também fornece luz, embora interior, que alegra"

Meus estudos não acabaram - não acabam nunca - pois ainda falta falar com o Cacá e ler mais umas coisinhas, como a Sônia Hirsch (já dei uma boa folheada no Mamãe eu Quero).

Ah, sim, além da questão da idade para a introdução alimentar, tem também a questão do desenvolvimento, pois há recomendações de só oferecer alimentos quando a criança consegue se sustentar sentada. O Joaquim está quase lá! Ele fica sentadinho um bom tempo, mas ainda desequilibra um pouco, o que me dá mais um tempinho pra amadurecer a ideia.

E aí descubro que a questão é exatamente essa. Nem é tanto se vou dar fruta, cereal ou mandioca; quanto tempo vou evitar carne e cia.; se vai comer tudo orgânico; se vai tomar água com flúor.

A questão é que meu filho vai começar a interagir com o mundo. Não seremos mais só eu e ele.

Pra uma pessoa que, como eu, tem uma natureza controladora, isso não é um detalhe e nem uma festa. Me envergonho um pouco dessa natureza controladora, e me preocupo com ela também, mas não escondo. O Dr. Nilo me ensinou que precisamos conhecer e respeitar nossa natureza.

Eu já tinha pensado um pouco sobre o desmame, mas não imaginei que esse tipo de angústia fosse chegar tão cedo, afinal, não considero a introdução alimentar um desmame, mas estou vendo que é sim um grande passo nessa relação.

Fiquem tranquilos, logo o Joaquim estará comendo vorazmente e eu vou vibrar com isso! Vou adorar preparar as comidinhas dele, fico imaginando as carinhas, a lambança, a alegria!

Mas ainda precisamos de um tempinho. Não há a menor necessidade de apressar as coisas...


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