segunda-feira, 29 de julho de 2013

Joaquim, o pediatra explicou que aquelas "crostinhas" que crescem na sua cabeça e na de todo recém nascido servem pra lembrar a mãe de que o filho não é perfeito.

Só que no nosso caso eu tive pessoas mais do que suficientes pra me lembrarem da sua imperfeição, tanto que não me importei muito com as tais cracas e só depois que uma médica disse que TINHA que tirar, que aquilo era sujeira, tal e coisa, comecei a empreender uma verdadeira batalha pra te ver "limpinho".

Mas sabe de uma coisa, o que eu gosto mesmo é de reparar no tanto que você é perfeito e pra isso eu tenho o seu sorriso! Tenho também seus olhos, não por serem azuis, mas por transparecerem sua alma, limpa e cristalina, de pura bondade e alegria.

Sei que somos todos perfeitos em nossas imperfeições...

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O macho evoluído

Seu sonho é ser mãe? Invista num pai!

Seu sonho não é ser mãe? Invista num pai mesmo assim... vai que...

Você quer ser mãe e o mancebo ao seu lado não compartilha da mesma aspiração? Ou troca de reprodutor ou se prepara pra seguir essa dura jornada sozinha (coisa que, sinceramente, não sei se vale a pena).

Você quer ser mãe e o príncipe também sonha com um herdeiro? Meio caminho andado, mas comece já a trilhar a segunda metade, que não se resume à "parte boa", se é que me entende...

E é aí que entra o meu conceito de "macho evoluído". Enquanto os machos primitivos ficam com ciúme da cria, disputando com ela a atenção da mãe (acredite, isso existe e mais do que você imagina!), o macho evoluído sabe que quanto melhor você cuidar da cria - que é de ambos - maior a chance dos genes dele se propagarem com sucesso. Porque no fim das contas o objetivo evolutivo é perpetuar os genes...

Se você quer ajudar seu macho a evoluir, vou dar algumas pistas. E se você é macho e está lendo esse texto, já é um bom indício de que está avançado no processo de evolução!

O macho evoluído sabe que pra cuidar bem da cria a fêmea precisa ser bem cuidada. Ela precisa se sentir segura, sem cobranças financeiras, profissionais e domésticas. Ela precisa ser amparada em suas decisões com relação à cria, sem necessidade de justificar ou racionalizar, simplesmente porque intuição não se explica e quando a gente tenta explicar fica parecendo louca, o que faz com que nos deem menos crédito ainda!

O macho evoluído protege sua fêmea das cobranças alheias.

O macho evoluído compreende a sexualidade feminina e sabe cortejar sem ser invasivo.

O macho evoluído ouve e sabe oferecer o ombro e enxugar lágrimas.

O macho evoluído está em constante evolução.

O macho evoluído sabe cozinhar :)


domingo, 21 de julho de 2013

O mundo que eu quero

Como mãe de um bebê de quatro meses eu quero um mundo...

... com menos carrinho e mais bebês pendurados em slings
... com menos bebê conforto e mais bebês pendurados em slings
... com menos chupeta e mais mão na boca
... com menos plástico e mais mão na boca
... com menos super gel e mais fralda de pano
... com menos poliéster e mais algodão
... com menos acrílico e mais lã
... com menos parabeno e mais ingredientes vegetais
... com menos mamadeira e mais peito de fora
... com menos suquinho e mais peito de fora
... com menos berço e mais balaio de gato
... com menos berço e mais colo de vó
... com menos berço e mais colo de tia

... com menos consumo e com mais contato
... com menos tecnologia e com mais natureza.


Joaquim e o peito

Desde que nasceu o melhor adjetivo pra descrever Joaquim mamando é VORAZ. É uma delícia como ele gruda no peito e mama com vontade.

Mas o que tem mudado é a forma como ele para de mamar.

No comecinho, até mais ou menos um mês ele largava o peito com dificuldade, fazendo força pra puxar a boca e com uma caretinha. Era como se ele falasse "ai, esse peito que não me larga!!!".

Depois veio uma fase em que ele parava de mamar, soltava devagar e ficava dando umas lambidinhas no peito, como que dizendo "ai, esse peito que eu amo tanto".

Agora ele está na fase peito-caixa-de-bis! Só larga se tirar de perto, rs... ele para de mamar, olha pra mim e mama de novo, mas sem muita vontade. Isso se repete muitas vezes, até que eu o "salve" e tire de vez o peito da frente.

sábado, 20 de julho de 2013

Cama compartilhada

Foi, mais uma vez, com a Carol que conheci esse termo e foi com a observação dessa família que resolvi não gastar dinheiro com berço.

A prática da cama compartilhada significa a família compartilhando a mesma cama, ou seja, papai, mamãe e bebê no mesmo colchão. Pra mim é tão óbvio e natural que depois que comecei a prestar atenção no assunto não consigo entender o uso de berço! Mas o fato é que cada família sabe de si e deve encontrar a melhor forma de se organizar. Eu só gostaria de dar esse relato porque acho que na maioria dos casos o pacote é comprado pronto, sem nenhuma reflexão e sem margem pra testar formas diferentes.

Existe muito preconceito e muitos medos acerca da cama compartilhada, fato que também me leva a dar pitaco sobre o assunto.

Aqui em casa, por enquanto, tem se mostrado perfeita, confortável e segura. Um dos fatores do sucesso é o tamanho da cama. Assim que fiquei grávida compramos uma cama king size! Acho isso fundamental para que todo mundo durma bem. Mas calma! Se você não tem espaço ou não quer investir em uma cama king size, existem formas de improvisar. Você pode baixar a guarda do berço, deixando-o contíguo à cama, por exemplo. Já soube de uma mãe que colocava a filhinha pra dormir dentro de uma gaveta (aberta, é claro!), pois o guarda roupa ficava quase colado na cama e não tinha espaço pra mais nada. Era bom pra família, funcionava pra eles e é isso que importa!

Agora vamos aos principais questionamentos...

Mas alguém pode rolar por cima do bebê!
Já li e já ouvi de pediatra que mãe não esmaga bebê. A mãe estará sempre alerta à posição do bebê, a não ser que tenha usado droga! (o que inclui álcool e remédios fortes, mas geralmente quem amamenta não faz isso). Já o pai não tem essa consciência toda, então é recomendado que a ordem seja: parede, bebê, mamãe e papai.

O bebê pode cair da cama!
Enquanto for pequenininho, não cai, simplesmente porque mal consegue sair do lugar, mas mesmo assim é bom dormir do lado da parede e com alguma coisa protegendo o vão que fica entre a cama e a parede. Conforme for crescendo é preciso prestar atenção nisso, montando grades de segurança ou colocando o colchão no chão.

Mas e a intimidade do casal?!
Olha, não sei quanto às outras mortais, mas a intimidade do casal já foi virado do avesso, independente de onde o bebê dorme! Cansaço, mudanças no corpo, roupas e lingeries NADA sexy e o principal: o foco é o bebê. Tudo isso já faz com que a vida sexual dê uma minguada e, sinceramente, acho que deva ser assim mesmo, pelo menos no começo (estamos entrando no quinto mês). O pai carentão que não entender isso precisa ser informado nos mínimos detalhes que tchã-rã: a vida MU-DOU. Por isso que eu acho tão importante que o projeto de ter filhos seja de ambos... De qualquer forma, com o tempo a vida sexual vai voltando e se a opção pela cama compartilhada continuar é um bom pretexto pra descobrir outros locais da casa para a "intimidade do casal" ;)

Mas até quando você vai dormir com criança na cama?!
Até quando estiver sendo bom pra todo mundo. E geralmente a própria criança pede pra ir pro quarto dela, começa a ter vontade de dormir na cama dela, etc. Não precisa ter medo de que ela não vá querer sair dali nunca mais! Afinal, as crianças crescem.

Ai, mas eu acho esquisito...
Esquisito é deixar um bebezinho recém-nascido dormindo sozinho! Esquisito é eu ficar lá abraçadinha com meu marido enquanto nosso filhote fica sozinho no berço! Esquisito é a mãe, invariavelmente cansada, ter que levantar da cama N vezes de madrugada pra amamentar! Esquisito é a mãe, invariavelmente preocupada com a cria, ter que levantar da cama N vezes de madrugada pra ver se o bebê está bem!

Ah, mas o pediatra disse que não é bom...
E ele está lá na sua casa, pra saber qual é a sua dinâmica com o bebê, o que funciona e o que não funciona? Desculpem, mas pra mim isso não é escopo de pediatra (nem de psicólogo, nem de vó, nem de vizinha).

Ah não, eu não quero.
Ok, você pensou no assunto, conheceu outras possibilidades e resolveu o que é melhor pra você e sua família. Você não deve satisfação a ninguém!

Agora dá uma olhada no nosso ninho:

Essa foi a nossa primeira versão de organização da cama. Veja que o cantinho do Juca era um colchãozinho de bordas altas. É bom pra não dar aquela aflição por estar do lado de um bebê muito pequeno e também fica mais quentinho.

Agora estamos com essa configuração, sem o colchãozinho, porque o bebê cresceu e ficou apertado.

Destaque para a manta de lã 100% natural, tricotada pela mamãe e pela vovó! Tem também um travesseirinho de painço que a vovó fez e uma almofada com a oração do Anjo da Guarda que ganhamos de uma de nossas "bruxas" ;)

Pra ler um pouco mais sobre o assunto recomendo esse texto, publicado no Blog do Cacá. É um relato de uma mãe que achava a coisa mais absurda, mas acabou testando e aprovando. Ela também cita alguns embasamentos e vantagens "formais" da prática.

domingo, 7 de julho de 2013

Fraldas


É pessoal, a vida com bebê é mesmo um mar de fralda! Quando me disseram que seriam em média 8 trocas por dia eu achei um exagero, mas o fato é que o montante gira por aí mesmo...

Como eu gosto de me planejar e ter tudo organizadinho (pobre de mim), pensei em usar fraldas descartáveis nos três primeiros meses e depois aderir às fraldas de pano. Essa coisa de esperar três meses foi um conselho da Carol, mas depois fui descobrir que era por causa do tamanho, pois as fraldas ficavam grandes na Clara. Como o Joaquim sempre foi GG, consegui começar a usar as fraldas de pano antes dos dois meses. Mas também já vi relatos de mães que usaram desde a maternidade, pois existem uns modelos próprios pra recém-nascido (a desvantagem é que perde logo e talvez o investimento fique muito alto, uma vez que a maioria dos modelos é tamanho único e dá pra usar desde bebê até o desfralde).

De qualquer forma, as fraldas descartáveis dessa primeira fase foram biodegradáveis. A marca alemã Wiona tem revenda no Brasil e foi o principal presente que pedi no chá de bebê. Felizmente muitos convidados aderiram e consegui fazer uma boa compra, com um estoque que está durando até hoje!

Claro que ela é bem mais cara que a convencional (quase o dobro se comparada com as melhores marcas), mas foi um investimento já pensando que depois economizaríamos usando fraldas de pano. E, sinceramente, eu não ficaria em paz com a minha consciência ecológica jogando toneladas de fraldas descartáveis convencionais no lixo diariamente...

E por falar em lixo, mesmo que biodegradável, ele já estava me incomodando. Passada a "quarentena" (eu já escrevi aqui que não tinha visto grandes mudanças, mas vi sim... talvez tenha demorado uns 43 dias, hehe), enfim, passado o "susto inicial" da demanda extra plus que é um recém nascido, comecei a ficar entediada! Resolvi então abrir a gaveta das fraldas de pano que a Carol me emprestou.

O legal é que ela tem vários modelos, então pude ver com qual eu me adapto melhor e só então fazer o meu investimento. Paralelo a isso fui pesquisando uns blogs pra ver melhor como usar, qual o melhor jeito de lavar, etc...

Ah, sim, estou falando das fraldas de pano modernas, aquelas que usam tecidos impermeáveis, absorventes de microfibra, botões de pressão ou velcro pra fechar, enfim, tecnologia a serviço das mães, bebês e meio ambiente ;)

Acontece que no meio dos blogs sobre fralda de pano tomei conhecimento do método Evacuation Communication, que consiste em "intuir" quando o bebê vai fazer xixi ou cocô e levá-lo para a privada ou penico, reduzindo drasticamente o uso de fraldas.

É pessoal, eu já disse que estava entediada e lá fui eu testar o método. Durou exatos três dias, rs... me empolguei com o sucesso inicial, pois logo no primeiro dia "peguei" três cocôs. Mas logo vi que tenho mais o que fazer da vida (é memo?!). Além disso, no frio é mais difícil, pois tem mais roupa pra tirar e por. E pra completar, o principal motivo é que o Joaquim cansou da brincadeira... no começo ele se divertiu, mas depois não viu mais conforto em ficar pendurado na privada, tadinho! De qualquer forma, pra quem consegue deve ser uma maravilha. Tem coragem?!


Então me contentei em me divertir apenas com as fraldas de pano! Pois bem, as marcas que experimentei foram as importadas FuzziBunz, BumGenius, gDiapers e Flip. Todas vazam :(  Mas quer saber? Fralda vaza! Descartável, convencional, biodegradável, de pano... umas mais, outras menos, mas acaba vazando. É um saco porque tem que trocar toda a roupinha, mas conforme você vai pegando a prática vaza bem menos. Um fato das fraldas de pano é que tem que trocar mais vezes do que a descartável.


Aos cri-cris de plantão, que vão dizer "grande ecologia ficar gastando água e sabão pra lavar mais fralda e roupinha que vazou", digo que mesmo que tivesse que lavar toda a roupa em toda troca - o que não é verdade - o gasto de água, sabão e energia não ficaria aos pés de processos industriais de fabricação de qualquer coisa. Financeiramente também não tem comparação. Vou chegar nos cálculos, já já.

Mas o meu lance maior continua sendo com o lixo e aí não tem o que dizer mesmo. A fralda de pano vai embalar muitos bebês antes de virar lixo e mesmo depois que virar, vai se desfazer muito antes do que uma descartável, mesmo que seja de material sintético.

Agora com relação à minha avaliação das marcas que testei:
- a FuzziBunz é a que mais vaza;
- a gDiapers tem uma anatomia péssima, deixando a pele toda marcada;
- a BumGenius é menos pior que a FuzziBun;
- a Flip eu AMEI, tanto que investimos nessa!


Tanto a Flip quanto a gDiapers são do sistema capa e as outras são "pocket". A diferença é que a capa não precisa lavar se não vazou e as outras tem que lavar o conjunto inteiro toda vez, aumentando consideravelmente o volume da lavanderia.

A Flip que a Carol emprestou vem com um recheio que um lado é microfibra e do outro é soft, deixando a sensação de sempre seco, o que a princípio eu achava o máximo. Aí compramos mais três conjuntos e escolhi, pelo site, o recheio de algodão orgânico (imagina se eu ia deixar passar essa!). Quando chegou fui ver que é simplesmente uma malha, sem tecnologia nenhuma. Fiquei um pouco decepcionada, mas depois passei a gostar ainda mais, pois é a que deixa o bumbum mais feliz :) (pense aí com seus botões o que é um bumbum feliz, rs...).

E nessa onda de bumbum feliz, experimentei as tradicionais fraldas Cremer como recheio e, pasme: ótimas! Super absorventes, secam rápido (no varal) e não ficam manchadas. Um passo atrás na tecnologia e viva a tradição!

Ah, e por falar em manchas, segue minha rotina de lavagem, a que deu mais certo depois de várias configurações:
- fralda de cocô: passo uma água, passo um sabão de coco, esfrego um pouquinho, torço e coloco num balde sem enxaguar. Chamo isso de "molho seco", pois o sabão fica, mas acho melhor deixar sem água;
- fralda de xixi: passo na água, torço e coloco em outro balde;
- a cada três dias junto tudo pra lavar na máquina (como as fraldas da Carol ainda estão comigo, tenho um bom estoque e faço uma lavagem no nível alto);
- ah, nas fraldas de cocô que ficaram com sabão passo uma água antes de por na máquina;
- na mesma maquinada vão as roupinhas do Joaquim e uso sabão Ola (não é orgânico, mas é o que tem pra hoje...);
- se está sol, vão pro varal, senão vão pra secadora (sem peso na consciência, vamo que vamo!).

Essa rotina não é nenhum peso pra mim, muito pelo contrário, adoro. Como tenho uma faxineira duas vezes por semana, ela cuida da casa e eu mesma cuido das fraldas. Às vezes eu só peço pra ela por e tirar do varal.

Quanto ao uso das descartáveis, depois de algumas madrugadas molhadas, estamos usando a fralda descartável à noite. Não temos fralda de pano noturna e se colocar dois recheios acho que não fica confortável. Ainda temos as biodegradáveis (penúltimo pacote e está em falta no site, socorro!), então não é "tão grave".

Pra finalizar, as contas:

- fralda descartável convencional = R$ 0,70 por fralda, aproximadamente
- estima-se que o bebê use 3.500 fraldas até o desfralde = R$ 2.450,00

- fralda Flip (se tiver como trazer dos States) = R$ 35,00 cada capa
- 6 capas são suficientes = R$ 210,00
- como recheio dá pra usar só fralda Cremer = R$ 20,00 o pacote com 5
- 4 pacotes são suficientes pra lavar a cada três dias = R$ 80,00
- kit de fraldas de pano + capas = R$ 290,00
- consumo de fraldas descartáveis pro período da noite e eventuais saídas mais longas: consideremos 40 fraldas/mês = R$ 28,00
- considerando o desfralde por volta dos dois anos = R$ 672,00 em fraldas descartáveis
- fraldas de pano + capas + fraldas descartáveis = R$ 962,00

- não coloquei na ponta do lápis o gasto com água, sabão e energia elétrica, mas não é nada que se compare a gastar R$ 146,00 por mês com fralda descartável.
- reconheço que é uma conta superficial e levando em conta fralda importada, mas dá pra ter ideia da diferença, mesmo usando fralda descartável pra dormir e quando vai ficar o dia todo na rua.

Eu já perdi o medo de sair com fralda de pano e só uso a descartável quando sei que não vou conseguir trocar com a frequência que estou acostumada. Já testei o sistema em viagem e foi tranquilo, mesmo tendo que lavar as fraldas na mão! Nesse caso, é bem melhor usar as fraldas Cremer, porque os recheios de microfibra não secariam jamais sem centrifugar e em dias nublados (o recheio de algodão orgânico também seca rápido).

Enfim, acho que pra usar fralda de pano basta querer e não precisa de nenhum sacrifício.

Quanto ao conforto do bebê, principal preocupação, pode apostar que com as fraldas de pano é bem melhor!

Deus

Uma amiga me disse, em tom solene e emocionado, que a chegada da filha mostrou a ela que Deus existe;
Uma outra amiga, em tom brincalhão mas não menos sincero, disse que é só ter filho pra passar a acreditar em Deus e "aprender rapidinho a rezar!";
Vira e mexe ouço alguém dizer que "os filhos são presentes de Deus".

Pois bem, apesar do pouco tempo de experiência materna já passei algumas angústias dignas de aprender a rezar e no entanto continuo com meu ateísmo. É curioso, mas não encaixa. Numa dessas situações de fazer aprender a rezar saiu um "Meu Deus, por favor,...", mas num atropelo de pensamentos ouço "Meu Quem?!" e me vi diante do vazio. Ou seria Vazio?

O caso é que um ateu  não tem pra quem pedir. Tem que se virar sozinho. E se virar sozinho às vezes cansa. Mas caçar com gato não dá, então... a gente caça sozinho mesmo.

Gerar e criar um filho é sim surpreendente. É ver a (im)perfeição da natureza tão de perto, mas tão de perto, que chega a ofuscar. Ou deveria escrever Natureza? Sim, ela é minha Deusa, perfeita em sua imperfeição, mas que não atende a pedidos.

Os crentes que me desculpem, mas existe comodismo maior do que pedir a Deus?!

Como diz a sabedoria popular: quem quer faz, quem não quer manda. Ou pede... e lembre-se: a voz do povo é a voz de Deus ;)


SE EU QUISER FALAR COM DEUS
Gilberto Gil
1980

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar



sábado, 6 de julho de 2013

O mundo é bão, Sebastião!

A antroposofia divide nossa vida em setênios e assim vai explicando o desenvolvimento do ser humano, os principais aprendizados e desafios de cada fase. Os três primeiros são o tempo que a gente precisa pra "estar pronto". Sim, 21 anos! Não consigo explicar em detalhes, mas é o tempo que não apenas o corpo físico leva pra terminar de se formar, mas também o intelecto, as emoções e corpos mais sutis.

Os três primeiros setênios são, portanto, uma fase delicada e merecedora de toda atenção e cuidados. As crianças e adolescentes deveriam andar com uma plaquinha assim: Atenção - ser humano em formação!

Deveríamos ter com eles o mesmo cuidado que uma cozinheira zelosa tem com o bolo que está no forno. Não pode abrir a porta antes do tempo! E tem que ficar de olho no relógio pra não queimar. Ou então o mesmo cuidado que o artista esmerado tem com sua tela. Não vai deixar ninguém encostar até que a tinta esteja bem seca. E por aí vai, faça as analogias com as quais se identifique, o que importa é que tudo que "não está pronto" precisa de cuidado.

E pra saber o rumo do cuidado a antroposofia nos dá pistas preciosas. Cada setênio tem seu grande aprendizado, que pode ser resumido em uma frase, simples e objetiva. Veja:

Primeiro setênio - 0 a 7 anos: O mundo é bom
Segundo setênio - 7 a 14 anos: O mundo é belo
Terceiro setênio - 14 a 21 anos: O mundo é justo

Isso quer dizer que o grande objetivo dos adultos ao lidar com crianças e adolescentes é passar pra eles a mensagem de cada setênio. Em cada atitude, em cada gesto, em cada presente, em cada palavra, pergunte-se "quando faço isso, essa pessoa em formação entende que o mundo é bom/belo/justo?". Se a resposta for não, pare tudo e recomece.

Evidentemente, pra passar uma mensagem você precisa acreditar nela! Se você mesmo não acredita que o mundo seja bom, belo ou justo, então afaste-se desses seres em formação. Eles não precisam de você. Se não tem como se afastar, se você é pai ou mãe, trate então de fazer com que o mundo seja bom, belo e justo!

Como mãe de um recém-chegado, eu fiz dessa frase um mantra, que repito e indago a todo momento. O mundo é bom! O mundo é bom? O que eu preciso fazer para deixá-lo bom?

Tudo que faço pro Joaquim vem com essa análise: será que com isso ele vai achar que o mundo é bom? Desde a qualidade das roupinhas até o tempo que dedico a ele. A temperatura da água do banho e o nível de ruído do ambiente. Os olhares que trocamos e as coisas que eu digo. Tudo pra mostrar pro meu filho que a vida vale a pena, que viver é gostoso.

Os "realistas" de plantão podem querer argumentar que o mundo nem sempre é bom, nem belo e muito menos justo. A primeira coisa que me vem à cabeça é a necessidade de separar o "ser" do "estar". Depois, é preciso assumir que o mundo começa em casa e o responsável pelo exemplo é você.

Um mundo bom não é o que não tenha desentendimentos, mas onde cada um está disposto a se entender; um mundo belo não é feito só de paisagens arrebatadoras, mas de pequenas belezas nos detalhes cotidianos; a justiça se faz em cada acordo, desde seu estabelecimento até seu cumprimento.

Felizmente ainda tenho um tempo pra meditar sobre o belo e o justo...

Por enquanto minha missão é mostrar pro Joaquim o tanto que o mundo é bom!