quinta-feira, 30 de maio de 2013

Vida de vaca leiteira


Eu nunca duvidei que amamentaria meu filho. Do mesmo jeito que nunca duvidei que ele nasceria de parto normal... até alguém me falar que nossas chances de cesariana eram grandes e o medo dominar o cenário, que acabou se convertendo numa sala de cirurgia, com o desfecho que eu abominava... mas não é sobre isso que quero falar.

O que importa é que tenho amamentado deliciosamente, o Joaquim está grande e saudável e eu feliz e satisfeita. Ao contrário do prognóstico pro parto, ninguém nunca me disse que eu não poderia amamentar, ou que meu leite não seria suficiente; o ganho de peso do Joaquim também nunca me disse isso, muito pelo contrário. Não sei o que seria de mim se tivesse que enfrentar crescimento abaixo da média ou qualquer problema de saúde dele, por isso não julgo mães que tem que ir pros leites artificiais.

Nós, mães, por incrível que pareça, somos o elo mais frágil dessa corrente. Se não temos um bom médico, uma boa consultora em amamentação, um bom marido, uma boa mãe, uma boa sogra, umas boas cunhadas, não dá pra segurar a onda sozinha. É muita pressão! Pelo menos quem detém o conhecimento formal (médico) e quem está junto cotidianamente (marido), tem que estar muito a favor da amamentação, senão não rola mesmo. E se mesmo assim não rolar, pelo menos sabemos que não foi porque estávamos sozinhas e desamparadas, mas porque nem tudo na vida é do jeito que a gente sonha...

Embora eu ache que parir naturalmente e amamentar não caibam no escopo de sonho. É natural, poxa vida! É pedir muito que as coisas aconteçam como a natureza manda?! Por isso o parto que acaba tendo que virar cirurgia e a amamentação que acaba tendo que virar mamadeira me entristecem muito. E me entristecem mais os números alarmantes, pois esses casos deveriam ser exceção e não regra.

Só que nessa sociedade de cabeça pra baixo que a gente vive, tem mesmo que se esforçar para que as coisas aconteçam de forma simples e natural. Por isso quero contar a minha experiência com a amamentação, pensando que talvez seja útil a alguma mãe, pois tenho lido muitas coisas que me ajudam.

Pra começo de conversa, o Joaquim nasceu sugando loucamente e o formato do meu bico do seio foi elogiado pela pediatra :) Pontos pra natureza!

Fora isso, a única orientação que tive foi pra amamentar em livre demanda. Felizmente NINGUÉM falou aquelas bobagens de amamentar de X em X horas por Y tempo, etc. Ah sim, teve outra orientação, que foi pra alternar os peitos por mamada, ou seja, não importa quanto tempo ele fique num peito, deixa ele lá, aí na próxima mamada ele vai pro outro peito. No comecinho, como ele mamava MUITO era fácil lembrar qual era o lado da vez. Agora já preciso fazer algum esforço pra lembrar, mas também é só prestar um pouco de atenção pra ver qual lado está mais cheio.

A única e grande dificuldade que tive foi que lá pelo quarto dia os bicos pediram arrego! Pequenas rachaduras, dor, um pouco de sangue. Pouco, quase nada, mas suficiente pra me deixar em pânico! Lembre-se, quarto dia, a cabeça num turbilhão, o corte da cesariana doendo, o medo ainda presente e o pavor de um novo "fracasso".

Nesse momento a presença lúcida do marido foi crucial. Ao ver a minha cara de desespero (eu nem precisei, nem consegui falar nada), o Paulo Cesar começou a buscar informações na internet, achou uns vídeos, uns blogs, umas dicas e em uma madrugada grande parte do problema já tinha sido solucionada: a parte do medo do fracasso, a parte de se sentir sozinha e incapaz. Eu não estava sozinha, eu tinha um companheiro!

No nosso caso foi assim mesmo, em uma madrugada. Nem precisei ligar pra ninguém, mas sugiro que se tenha para quem ligar. E tem que ser rápido, muito rápido, porque mesmo que a dorzinha seja suportável e dê pra amamentar, em questão de horas ela pode ficar insuportável, aumentando o risco de ter que oferecer alimento de outra forma ao bebê, o que prejudica a amamentação.

No meu caso, do ponto de vista prático, prestei mais atenção na "pega", inclinando um pouco o bico do seio pra cima ao colocar na boca do bebê e trazendo a cabeça dele pra bem perto, afundando no peito sem dó, rs... ah, e antes do bebê mamar é bom fazer uma massagem no seio e na auréola, a fim de deixar o leite mais líquido e diminuir a força que o bebê faz pra sugar, porque quanto mais forte ele suga, mais dói se o bico está machucado.

Outra coisa que ajudou muito foi passar o próprio leite no bico e deixá-lo arejado, de preferência tomando um solzinho da manhã. Por essas e outras que é bom evitar visitas nos primeiros dias, assim a mãe pode fazer top less sossegada! A famosa pomada Lansinoh eu já estava usando desde o último mês de gravidez (1x/dia) e depois passei a usar depois de cada mamada e antes do banho. Acho que ajudou muito. Depois de três ou quatro semanas passei a usar só antes do banho ou quando surge alguma sensibilidade, mas é raro.

Com esses cuidados a integridade dos mamilos fica preservada e do ponto de vista físico não é pra ter maiores dificuldades, mas insisto: não espere para pedir ajuda no caso de qualquer desconforto.

Aí vem a parte mais difícil e é onde sei que muitas sucumbem: a disponibilidade. Para amamentar de forma exclusiva, o que é consenso quanto aos inúmeros benefícios para o desenvolvimento do bebê, é preciso esquecer todo o resto e estabelecer que a única prioridade é amamentar. Fora isso, o que vier é lucro! E até vem, viu? Pois quanto melhor o bebê mama, mais tranquilo ele fica e assim consegue conceder momentos de descanso para a mãe.

No primeiro mês o Joaquim mamou absurdamente, quase que full time! E o esperado é que seja assim mesmo, pois no útero os bebês tem oferta constante de alimento, portanto não sabem o que é fome e ao nascer esse é um dos piores sentimentos que eles experimentam, é o que mais os apavora, então eles requisitam o peito o tempo todo. Além disso, mamar é a melhor forma de pedir colo e tudo o que eles querem é ficar no colo, no aconchego, sentindo o calor e a pulsação do corpo da mãe, que aliviam a estranheza desse mundo hostil onde acabaram de chegar. Por isso digo que "mamar" é um verbo muito mais amplo do que "ingerir leite". Se o bebê está grudado no peito, é lá que ele quer estar, mesmo que não esteja mexendo a boquinha, mesmo que não esteja sugando, mesmo que esteja "fazendo a mãe de chupeta" (o que é um absurdo e não se diz a uma mãe! Experimente inverter, pensando que o bebê "faz a chupeta de mãe"... triste, né? Substituir o calor e aconchego materno por um objeto de borracha. Dar ou não chupeta é uma decisão pessoal, mas tenhamos em conta a escala de valores: primeiro mãe, depois chupeta!).

E se o bebê quer estar no peito, qual o motivo para não deixá-lo ali? Pra mim é totalmente inconcebível querer "educar" um bebê, para que ele saiba que existe hora pra comer, hora pra dormir e pra não sei mais o que. Pros bebês não existe hora, existem só seus impulsos vitais, que não tem outra pretensão senão a da sobrevivência, então negar qualquer coisa a um bebê significa ir contra seu instinto de sobrevivência. Comer quando se tem fome, dormir quando se tem sono. Aprendi isso nas lições zen budistas da minha mãe e ninguém melhor do que um bebê para nos lembrar desse caminho simples para a felicidade.

É fato que é preciso estar disposta a abrir mão da própria felicidade para garantir a do filho. E me desculpe quem pensa o contrário, mas tenho cá pra mim que quem não está disposta a fazer essa concessão, não está preparada para ser mãe. Nem sempre eu consigo comer quando tenho fome, nem dormir quando tenho sono... também não sou eu quem determina quando vou tomar banho. Mas ter um filho foi uma escolha que eu fiz, sabendo que teria que me doar por completo por algum tempo. Não sei por quanto tempo, mas sei que ficarei surpresa quando tiver minha liberdade de volta.

Além do mais, quem aí come quando tem fome e dorme quando tem sono? Frequentemente abrimos mão dos nossos quereres por motivos bem menos nobres, aí quando chega um filho, essa obra prima da natureza, esse pequeno ser que nos é tão caro, inventamos de achar que "precisamos impor limites", que "precisamos lembrar de nós mesmas". Alto lá! Vai impor limites pro seu chefe, não pro seu filho! Ainda mais se for um bebê de colo...

Sei que os buracos são muito mais embaixo, não quero ser preconceituosa, nem fazer julgamentos. Cada um sabe de si e o objetivo dos meus cutucões é apenas instigar que cada um possa procurar saber um pouquinho mais de si!


A imagem é do Blog do Cacá, que tem artigos ótimos sobre amamentação.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Os médicos e a verdade absoluta

Eita pessoal pra acreditar em verdade absoluta que são esses médicos! Principalmente, é claro, quando eles vem nos dizer o que fazer.

Desculpe se você é médico e não se identifica com isso... sei que não dá pra generalizar e tenho inclusive um exemplo de um médico que foge à regra. Esse médico é o Dr. Cacá, pediatra. Ele tem um blog bem bacana e nesse texto ele fala sobre a forma que ele trabalha, usando a ferramenta do aconselhamento, que é exatamente o contrário dos médicos que conheço, que já vem com verdades prontas e absolutas. Bem, infelizmente o Cacá não é o nosso médico... ele atende em São Paulo e nós moramos em Bragança...

Sendo assim, sou obrigada a desenvolver e aplicar sozinha meus instintos e sextos, sétimos e oitavos sentidos. Que bom, né? Se eu simplesmente acatasse tudo que os médicos falam, não teria essa oportunidade de crescimento!

E algo muito importante que me veio à mente esses dias é que quem conhece o bebê é quem passa mais tempo com ele. Esse ser que não fala se expressa de inúmeras formas, mas só quem está colado com ele consegue captar e decodificar esses sinais. Tenho ficado bem feliz com a minha interação com o Joaquim. Consigo diferenciar um choro de sono do choro de fome do choro de frio, percebo se ele está incomodado ou apenas entediado, identifico suas inseguranças, sei quando ele está se divertindo, vejo quando ele está tranquilo, enfim, tenho conseguido ler esses sinais.

E como eu sei que consigo? Porque atuo pra minimizar os ruins e ressaltar os bons e vejo o resultado, portanto, quem sabe o que é bom para o bebê é quem o conhece. Não é simples nem rápido, por isso que precisa passar bastante tempo com ele, ter paciência, testar e observar, repetir, mudar. Além disso, o que funcionou ontem pode não funcionar hoje. Tudo muda o tempo todo no mundo ;)

Aí vem o médico, que nem me conhece, muito menos ao meu bebê, e vomita um monte de "tem que ser assim" e, pior, "não pode fazer isso, não pode fazer aquilo". Por mim, tudo bem. Fora o tempo e o dinheiro da consulta ele não vai me causar maiores prejuízos, mas fico pensando nas mães inseguras, que sabem sim o que fazer, mas não contam com muito apoio, e de repente caem num consultório desse. Elas voltam pra casa achando que seu bebê tem um problema, achando que elas tem algum problema, quando o problema é unicamente um cidadão que não enxerga seus pacientes como seres humanos diversos e tenta aplicar a mesma regra a todos!

Eu já tinha sentido isso com outros médicos, mas com pediatra é mais forte, primeiro porque mexe com filho (ah, vem mexer com filho meu pra ver o rugido da onça!) e depois porque as orientações acabam entrando em aspectos educacionais, comportamentais, culturais, mas sem ter o cuidado de discutir e levar em consideração diferenças educacionais, comportamentais, culturais, filosóficas e cia. Eles receitam uma conduta como quem receita um remedinho pra dor! E o que me entristece é que muitas mães aceitam essas condutas como quem aceita um remedinho pra dor (o que também não deveria ser aceitado sem questionamentos, aliás... o que deve?).

No fim, tudo se resume a ampliar a consciência, a enxergar os bastidores, a mergulhar nas profundidades da alma (da própria, da do filho, da do marido, da do médico, rs...). Só assim encontraremos as nossas verdades.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Tocava Uakti, I Ching. Você parou de mamar e ficou me olhando. Seus olhinhos ficaram mareados e você fez aquela boquinha de choro sentido. Eu dei um sorriso e te disse que amor às vezes doi. Você sorriu de volta e eu entendi o que você estava sentindo, que era mais que amor. Era uma emoção muito forte pelo nosso reencontro. Nesse minuto de olhar profundo eu me lembrei mais uma vez (a primeira foi quando você ainda estava na barriga) que você é uma alma completa, antiga, com história, assim como eu. Somos iguais, só que você sabe disso, você lembra de tudo, só que está "preso" nesse corpo de bebê, que te dá um trabalhão danado. De vez em quando aparece uma brecha e de vez em quando essa brecha coincide com a minha atenção. Esses momentos são raros, preciosos e mágicos.

Que bom estarmos juntos de novo!

Tenho vontade de sair gritando isso pra todo mundo! Estamos juntos de novo!!!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ser mãe é padecer no...

Não sei se sou só eu, mas me irrita um pouco (só um pouco, rs...) essa coisa das mães sempre falarem que ser mãe é o máximo, que ter filho é a melhor coisa do mundo, que filho pode até dar trabalho, mas é só olhar pra carinha deles que fica tudo cor de rosa (ou azul, se for menino :D ).

Eu amo meu filho, e venho amando cada vez mais, mas, confesso, não foi esse amor à primeira vista, essa coisa louca que todo mundo fala e que os filmes mostram. Vem sendo um amor gradual mesmo. Desde o instante que o Joaquim nasceu o sentimento muito forte que eu tive não foi do "maior amor do mundo" de que tanto falam; o sentimento forte que me veio foi de uma grande responsabilidade. Algo assim: "não sei se eu amo, mas o fato é que eu preciso fazer de tudo pra cuidar bem desse menino". É difícil descrever, mas não é um sentimento de "obrigação". É uma responsabilidade com prazer, uma responsabilidade com vontade. Seria amor? Não sei... pode até ser, uma vez que essa modalidade de amor eu nunca tinha experimentado!

Eu só queria dizer que, pra mim, essa coisa de "amor de mãe" não é tão óbvia. E eu não quero me sentir culpada por isso... porque eu desconfio ligeiramente que toda, ou quase toda, mãe de primeira viagem passe por essas dúvidas sentimentais, mas não se permitem verbalizar, afinal, "como assim você não ama seu filho?!?!". Então todo mundo se encarrega de guardar E CONTAR só as partes boas, fazendo com que pessoas como eu se sintam um extraterrestre de coração gelado.

Coração gelado e sarcástico, porque até me divirto com a cara das pessoas quando falo qualquer coisa que fuja do discurso "ser mãe é a melhor coisa do mundo". Ah e falo mesmo. E olha que tenho um filho bonzinho, hein? Aí sim que o povo me olha com cara de "não sei se ela tá brincando ou se é louca mesmo". Agora imagina, vem um cidadão e diz "nossa que bebê mais lindo, eu poderia ficar o dia inteiro só olhando pra essa carinha". Ah, poderia é? Fica então, quero ver quanto tempo você aguenta! Não dou meio dia!

E quando te olham com aquele ar de "ai que delícia ficar embalando esse bebê, que vida mansa, que sossego". É mesmo uma delícia e um sossego (já disse, fui agraciada com um filho bonzinho), mas é uma delícia e um sossego por algumas horas... aí você fica com fome, frio, sono, vontade de ir no banheiro... experimente comer correndo, tomar banho correndo, escovar os dentes correndo e volte a embalar o bebê (não, não dá pra deitar no sofá e ler uma revista ou tirar um cochilo, tem que ser agora).

Gente (principalmente quem quer ser mãe ou pai), ser mãe é puxado pra car***o! Tem que ter uma paciência do tamanho do universo, tem que ter resistência física de triatleta de iron man e nos momentos de cansaço simplesmente não dá pra querer achar que "ser mãe é a melhor coisa do mundo" (eu acho, na verdade, que ser pai deva ser a melhor coisa do mundo, rs...).

E eu desconfio que quem cai nessa "propaganda enganosa" sofre muito mais e seus filhos também acabam sofrendo muito mais, justo numa fase tão delicada, tão decisiva pro resto da vida. E como eu quero um mundo melhor e acredito que um mundo melhor se faz com pessoas melhores, me sinto na obrigação de contar minha experiência pras futuras mães e futuros pais, na intenção de que se preparem mais conscientemente, de forma madura e racional, para essa árdua tarefa.

Em breve vou contar um pouco do que fiz pra me preparar e das coisas que tenho lido sobre isso. Não caia na armadilha de achar que "tudo se resolve".

Agora deixa eu ir fazer um xixi, que o nenê já deve estar acordando!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Coisas que percebemos na casa no dia-a-dia com um bebê

- as portas rangem (dos quartos e dos guarda roupas)
- as cadeiras rangem
- as lâmpadas são muito fortes
- luz branca realmente não está com nada
- almofadas são coisas extremamente úteis
- água quente na torneira facilita demais a vida
- o volume do toque do telefone é en-sur-de-ce-dor
- é perfeitamente possível ouvir um celular tocando na função "vibra"


domingo, 12 de maio de 2013

Às mães e aos que cuidam das mães

Eu nunca gostei de Dia das Mães. Sempre achei uma data comercial, uma jogada pra fazer as pessoas gastarem dinheiro e por aí vai (a mesma coisa com dia dos pais, dia das crianças e até natal e páscoa, que acabam entrando no mesmo saco).

Também me incomodam esses compromissos que arrumam pra gente: dia das mães tem que almoçar com a mãe! Eu adoro almoçar com a minha mãe, mas detesto que me digam o que fazer... além disso, uma vez que você vira um casal, há duas mães a prestigiar e, morando em cidades diferentes, uma delas vai ficar de fora e o filho em questão vai se sentir em falta, por mais que prestigie sua mãe em todos os outros dias do ano.

Posto isso, quero agora fazer a minha homenagem às mães =D

Esse é o meu primeiro ano de mãe e pra ajudar ainda faço aniversário nessa época... não tem como não pensar e repensar o que representa o papel materno, à luz da própria experiência no assunto.

O primeiro e óbvio sentimento é de gratidão. Agora eu sei a demanda que um filho representa e a doação que uma mãe precisa empreender. Agradeço de todo coração à minha mãe e a todas as mães que vem se doando incondicionalmente, que entregam um pedaço de si, o mais nobre, para povoar o mundo e perpetuar a espécie.

Logo em seguida vem um sentimento de respeito. Respeito no sentido de não julgar... ou melhor, de julgar sim... esse é meio difícil de explicar... o que quero dizer é que tenho cá pra mim que toda mãe faz o melhor pelo filho. Aqui pela minha pouca, mas intensa experiência, não posso acreditar que uma mãe tome uma atitude "errada" com um filho por descaso. Por mais que de fora alguém ache que aquela não é ou não foi em algum momento uma "boa mãe", tenho certeza que aquele era o melhor que ela podia fazer; tenho certeza que ela se esforçou para dar o seu melhor; tenho certeza que ela se corroerá em dúvidas e culpas achando que não foi o seu melhor, MAS FOI. E isso tudo merece respeito.

Não vou discutir as palavrinhas entre aspas, mas claro que acho que não existe certo e errado, nem boa mãe ou mãe ruim... e inclusive por isso devoto meu respeito e gratidão a todas as mães.

Por consequência, minha homenagem tem uma segunda parte, que é às pessoas que cuidam das mães. Não existe mãe boa e mãe ruim, mas existem as pessoas que deixam a mãe ser uma mãe melhor*. São as pessoas que empoderam a intuição materna, são as pessoas que dão suporte sem dar pitaco, são as pessoas que cuidam dos afazeres mundanos pra mãe poder cuidar de seu filho pequeno. Quanto mais cercada desse tipo de pessoa, melhor será a mãe e quanto mais cercada de pessoas que agem de forma contrária ou não agem, não colaboram, menos energia a mãe terá para "ser mãe"... e quem perde é o mundo, pois uma mãe melhor "fabrica" seres humanos melhores!

* atenção: mãe melhor não é "mãe melhor que as outras"! É a mãe melhor que eu posso ser ;) o que quero dizer é que quanto mais ajuda, melhor eu posso exercer a minha maternagem. Não existe comparação entre mães!

Portanto, nesse dia das mães, quero agradecer de coração a todas as mães e a todos que cuidam das mães, mas em especial:
- à minha mãe, por ser minha mãe e por cuidar da mãe que eu sou; 
- à mãe do meu marido, por trazer ao mundo esse ser encantador;
- ao meu marido, que cuida dessa mãe que ele ajudou e ajuda a fazer;
- e ao meu filho, que me torna mãe e me inspira a ser uma pessoa melhor!

terça-feira, 7 de maio de 2013

Pornô para puérperas

Foi lendo o livro A Ciência dos Bebês (falarei dele em breve) que tomei conhecimento do livro Porn for Women. A sacada genial foi colocar homens charmosos - pra não dizer outras coisas - em situações do cotidiano doméstico. Pra completar, eles vem com frases de apoio, afinal, pornografia feminina não se faz só de imagens ;)

Na hora pensei como essa mensagem cai como uma luva pra situação do puerpério e já fui matutando esse texto, mas qual não foi minha surpresa ao descobrir que existe o Porn for New Moms :D o pessoal não perde tempo mesmo!


(essa não rola pra quem amamenta em livre demanda. Mas nada impede que o solícito pai faça isso com a criança maiorzinha!)

A abordagem dos livros (que conheço superficialmente pelo Google Imagens) me fez lembrar de situações que passei nos exaustivos primeiros dias com o Joaquim, quando tudo que eu queria era olhar pra pia da cozinha e vê-la brilhando, olhar pro cesto de roupa suja e vê-lo vazio, olhar pra vasilha de água dos cachorros e vê-la cheia e limpa, e por aí vai.



A Laura Gutmam, minha mestra da maternagem, alerta para os pedidos deslocados que as puérperas costumam fazer aos maridos. É assim: a mulher está fragilizada, se sentindo sozinha no deserto, carente, etc. e não consegue expressar isso claramente, então fica pedindo coisas deslocadas pro marido, geralmente relacionadas aos cuidados domésticos. O que acontece é que o marido nunca faz do jeito que ela gostaria, isso a irrita e invariavelmente termina em briga, quando na verdade um abraço afetuoso resolveria tudo.

Achei interessante o mecanismo, fiquei alerta e um belo dia me vi fazendo um pedido atrás do outro, do tipo: põe a roupa na máquina, arruma a pia, guarda isso, resolve aquilo. Parei e pensei se eu estava deslocando meus pedidos, mas não! Abraço eu tinha de sobra, o que eu queria mesmo era casa limpa e arrumada, rs...



quinta-feira, 2 de maio de 2013

História da minha barriga

Como magrela que sempre fui e que pelo jeito sempre serei, a barriguinha - ou falta dela - sempre foi o meu trunfo. Não que eu ache que homem se importe com isso; é um lance "eu comigo mesma".

E foi lá pelos meus 20 anos que comecei a cultivá-la com, digamos, método e constância. Comecei a nadar, correr, andar mais de bicicleta, fazer ginástica. Nada disso pensando na barriga, mas ela que dava sempre os melhores e primeiros resultados (sem falar na satisfação e bem estar imediatos que qualquer atividade física proporciona e que sempre foram meus motivadores!).

Eis então que começo a praticar SwáSthya Yôga e ainda caio nas mãos de uma instrutora fascinada por técnicas abdominais... pronto, a barriguinha virou de vez o meu xodó :) (antes de qualquer equívoco devo dizer que barriguinha sarada - ou qualquer outra parte do corpo físico - e técnicas corporais são apenas uma ínfima parte do Yôga, um grão de areia perto de tudo que aprendi dessa filosofia maravilhosa, com essa mesma instrutora citada acima e muitos outros).


Aí fico grávida. Quase que instantaneamente a barriguinha se transforma. Fica arredondada, mais molinha. Claro que quando eu falava isso virava motivo de piada, pois só eu enxergava a "descomunal mudança". A gravidez não durou muito... 10 semanas e veio o aborto. À essa altura eu já me sentia plenamente grávida, com uma barriga "imensa" que, confesso, me incomodava um pouco e, mais uma confissão: olhar no espelho depois da curetagem e rever a minha barriguinha foi sim um carinho nesse coração tão machucado.

Dei uma parada com as atividades físicas, primeiro pra fazer repouso e depois porque queria engravidar de novo, então achei melhor cuidar da barriguinha de outra forma, com outro foco, se é que me entende.

E deu certo, fiquei grávida novamente e dessa vez foi até o final (ou quase, na verdade... se tivesse ido mesmo até o final eu não teria ganhado uma cicatriz na minha parte do corpo preferida...).

Demorei pra achar minha barriga de grávida bonita. Aquela "coisa enorme" não fazia parte de mim! E não fazia mesmo, porque gravidez é estar, não é ser. Mas fui também entendendo que o ser se manifesta de formas passageiras, estando.

Aí resolvi assumir que minha barriga era linda! Linda e perfeita, a primeira morada do meu filhote, que ficou tão aconchegadinho e protegido lá dentro.


Mas depois que ele veio morar aqui fora eu ficava numa expectativa de "quando vou ter a minha barriga de volta"?. E mais uma vez me pego querendo que o ser seja estático e entendendo que ele não é. Foi numa das muitas mamadas do Joaquim (e como elas me rendem história!), que enxerguei a nova função da minha barriga: ser colchão de nenê! Ao vê-lo ali tão confortável entendi na hora porque não combina uma barriga tanquinho :)


E mais uma vez minha barriguinha cumpre lindamente sua função e é por isso que eu a amo!