quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

XII - Pensando naquilo

Só pessoas burras e/ou doentes desvinculam maternidade de sexualidade. Não entra na minha cabeça essa cultura judaico cristã de mãe virgem...

Pois então prepare-se: O Filho do Aralume não é filho de mãe virgem! E como sexo é condição primeira para maternidade, o tema estará presente aqui no blog (ah, sim, a não ser que você faça fertilização in vitro, mas não vou falar sobre isso... agora). Tem uma postagem no Aralume (veja aqui), mas por mais que aquele seja um ambiente onde eu me sinta muito à vontade, mesmo assim não consegui colocar o assunto com a frequência e forma que gostaria... aqui é diferente, pelo menos eu tenho um "pretexto nobre" para falar sobre sexo, que é ter filho!

Vou começar de mansinho, pra não espantar ninguém (espero!).


Pensando naquilo

Eu gosto logo que acordo, depois do almoço e antes do jantar.
Sem pressa.
Prefiro na cama.
Quando não é em casa parece mais fácil desligar do mundo.
Mas não pode ser em qualquer lugar.
Pode ser sozinha, pode ser a dois. A três, não sei como é.
Melhor sem ninguém por perto.
A trilha sonora, se não for muito boa, melhor não ter.
Luz baixa, um abajur, o sol pela fresta da janela, uma lareira...
Cena de cinema: na praia sob o luar, na beira de um rio a pleno sol
Sem roupa. Nenhuma.
Sem pano, só pele.


PS - o teor dessa postagem foi altamente influenciado pelos 18 dias que estou longe do Paulo Cesar =D

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

XI - Treinamento intensivo pré maternidade

Na postagem número VI do Filho do Aralume falei um pouco sobre as coisas que queria fazer antes de ser mãe e de como imaginava me preparar para essa jornada...

Bem, tratei de arrumar um "pacotão zipado" pra dar conta dos meus anseios mais urgentes: uma longa viagem! Resolvi me presentear com uma viagem de um mês, como há muito tempo não fazia, só que agora com muitos ingredientes inéditos.

Foi nessa viagem que encaixei uma longa caminhada, como disse que queria fazer. Fiz a Trilha Inca, que foi uma caminhada de "só" quatro dias, mas que me proporcionou reflexões únicas e preciosas, "pra vida e pra prova", como dizia algum professor da faculdade. E como a gente faz planos para que eles se desfaçam, tive também um interessante exercício de lidar com imprevistos e mudanças substanciais nos planos. No último dia da Trilha Inca tivemos que alterar a rota e chegar a Machu Picchu como fazem todos os turistas: de ônibus e sem nenhum glamour... fazendo uma analogia tosca, se essa viagem fosse um parto, eu teria sofrido um bom tempo com contrações para acabar em um hospital tendo uma cesárea. Não vou dizer que ficaria ok com isso, como também não fiquei com o fato de conhecer Machu Picchu assim, mas é sempre bom ir cultivando a maleabilidade para enfrentar as mais diversas situações!

Talvez aqui a diferença é que meu objetivo na Trilha Inca não era o fim, mas o percurso; meu objetivo não era conhecer Machu Picchu, mas sim desfrutar do treinamento para chegar até lá. E com um parto seria quase que o contrário, rs... o objetivo não é exatamente desfrutar do trabalho de parto (embora eu saiba que ele tenha uma importância crucial), mas o objetivo é parir.

Encaixei também nessa viagem um período de experiência solitária, que foi metade da viagem, um tempo considerável. Eu nunca fui uma pessoa muito gregária e ficar sozinha é vital pra mim de vez em quando. Como nesse momento, de preparo para essa grande mudança na vida. Esse período solitário teve então dois objetivos: estar comigo mesma e experienciar o desafio de "me virar" sozinha em um país diferente.

Não poderia ter sido mais rico!

De brinde, vi que não preciso e nem quero estar sozinha por longos períodos. Esse tempo também serviu para valorizar ainda mais as coisas que tenho, como meu marido, minha família, meus amigos, meus cachorros e todas as "mordomias" que tenho no meu cotidiano. Não que eu precisasse, pois costumo ser sempre muito grata, mas um reforço de vez em quando é bem vindo.

Sinto também que no campo das viagens estou mais aquietada. Amo viajar e vou continuar viajando sempre, mas o que quero dizer é que se eu precisar ficar mais "sedentária" por algum tempo, beleza... e depois viajo junto com o filhote, carregando-o nas costas como as mulheres bolivianas e peruanas =D

Por outro lado, resolvi que enquanto eu não engravidar, a cada mês farei alguma coisa extraordinária! Será um tipo de "prêmio de consolação" por "não ter conseguido" (ainda vou escrever sobre a expectativa que acompanha essa decisão, pois o fato de eu "resolver" que quero ser mãe não implica necessariamente em que isso ocorra...). A cada mês que eu constatar que não estou grávida, vou "aproveitá-lo" fazendo coisas que eu não faria se tivesse engravidado!

É curiosa essa sensação de que a vida está acabando e que preciso me apressar em fazer tudo o que gostaria. Você pode achar loucura, mas eu sinto exatamente como se estivesse me dirigindo para um tipo de morte. Não vida e morte com as conotações de "coisa boa" e "coisa ruim", como costumamos entender, mas com conotações cíclicas: a morte como fim de uma etapa, para que logo em seguida outra comece. E é uma sensação muito interessante... deve ser assim que os reencarnacionistas se sentem. Ao mesmo tempo eu estou tranquila; me sinto, de certa forma, preparada. Mas se me é dado mais um tempinho, corro para aproveitá-lo... como eu já disse em algum texto sobre morte-vida, meu tempo sempre foi muito bem aproveitado e eu só faria mais cosias na minha vida se tivesse mais tempo.

Essa viagem também me permitiu ficar mais perto da minha natureza, me observar melhor, sob as mais diversas circunstâncias. Consegui encurtar alguns passos na jornada rumo ao meu interior e a paisagem que vislumbro me agrada. Percebo também que essa paisagem vai se modificando com a caminhada... dependendo do pequeno desvio ou ajuste de rota que faço, enxergo um ângulo que antes não estava visível... o que parecia muito pequeno à distância, conforme me aproximo vejo que tem uma magnitude inesperada... outras coisas, que às vezes assustavam em suas formas fantasmagóricas da penumbra noturna, tornam-se inofensivas com o raiar do sol.

E o mais importante: descubro que "o meu interior" não é um lugar encurralado num canto do mundo; não é um fim em si mesmo; é uma jornada eterna, pois a Terra é redonda e sempre tem algo mais a ser explorado depois "daquela" montanha!
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02 de fevereiro de 2012 - Dia de Iemanjá!


O problema é que agora eu não paro de ter ideias de "coisas extraordinárias" pra fazer enquanto não fico grávida... não é que eu esteja pensando nessas coisas, aliás, fiz um acordo comigo: a cada constatação da não-gravidez eu penso em algo extraordinário e dou conta de fazê-lo em duas semanas (também é um exercício de agilidade e jogo de cintura, rs...); sem ficar planejando e nem adiando; sem ficar fazendo "lista" das coisas que eu quero fazer. Só que as ideias surgem!!! Eu não procuro, elas que aparecem!


PS - e esse papinho de "estar mais aquietada no campo das viagens" é a maior balela! Basta ficar uma semaninha em casa pra dar vontade de colocar a mochila nas costas de novo. Que tormento!!!