segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Ai filhote, e eu que tinha achado que já estávamos perfeitamente adaptados um ao outro e que os desconfortos gestacionais haviam passado... pura ilusão...

Tivemos sim uns dias, umas duas ou três semanas de "trégua", mas de uns dias pra cá parece que começou tudo de novo... toda aquela indisposição, enjoos, digestão ruim... fora ficar cuspindo que nem uma lhama!

Eu pensei que escaparia disso, pois minha mãe não foi lá das mais enjoadas... só que a mãe do seu pai foi, principalmente quando estava grávida dele e - como é que eu fui ignorar isso?! - você é um pedacinho considerável do seu pai dentro de mim!

E ainda tem o "pedacinho" que é só seu, que é totalmente novo. Do ponto de vista da genética não sei como isso se explica, mas a Maria - você já a conhece - me explicou que um novo ser não é simplesmente a soma de seu pai e sua mãe. Você sou eu; você é seu pai; e você é você! Não é lindo?

E é por isso que muitas mulheres passam mal durante a gravidez e das mais variadas formas... o corpo, ou melhor, os corpos da mãe precisam se adaptar a toda essa novidade, a toda essa bagagem externa que de repente se mistura à sua. E em muitos casos não é assim tão elementar... acho que somos um desses casos...

Mas, filho, você é muito bem vindo e muito amado. E tem um pai muito bacana que nos apoia e nos protege e que me deixa "passar mal sossegada", se é que isso é possível, rs... mas quero dizer que ele tem sido tão generoso e paciente conosco, que merece esse reconhecimento. Eu fico imaginando como vocês vão ser companheiros, tenho certeza!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Eu quero ser uma mãe-macaca


Eu estava no freeshop do aeroporto de Istambul (gente fina é outra coisa, eu sei!), quando parei em frente a uma prateleira de bichos de pelúcia. Era uma linha do WWF com bichos e seus filhotes, a coisa mais fofa!

A essa altura eu já sabia que estava grávida, mesmo sem as comprovações laboratoriais, e esse apelo materno-faunístico me fisgou. Tinha leoas, ursas, tigresas, lobas, todos esses grandes mamíferos sedutores e apaixonantes, mas não teve jeito, quando eu vi essa macaca com esse macaquinho, eles pularam no meu colo! Sei que os primatas também são apaixonantes, mas frente aos grandes felinos, ursídeos e até canídeos, eles ficavam em segundo (ou quarto) plano.

Só que de repente eu queria ser aquela macaca, com aquele filhote agarradinho a ela. Olha só a cara dela de orgulho e satisfação! E o filhote? Um pouco assustado, mas enquanto ele estiver em contato com aquele pelo de mãe, tem a certeza de que nada pode lhe fazer mal. Viagem de grávida? Pode ser, mas essa leitura me foi automática quando vi esses simples bonecos.

E aí eu resolvi que quero ser uma mãe-macaca! (peço licença aos bichólogos de plantão, pois minhas impressões de uma macaca são totalmente leigas e posso falar alguma besteira do ponto de vista biológico... de qualquer forma, o arquétipo que formei é esse...)

Eu quero ter o humor de uma macaca. Não são bichos engraçados? E humor traz leveza... não há cara feia que um sorriso sincero não dissolva.

Eu quero ser acolhedora que nem uma macaca. Quero ficar com meu filhote agarrado a mim o tempo todo, no colo, nas costas, acordado, dormindo, mamando. Imagine que delícia ficar em um colo de macaca, macio, fofinho, cheiroso (do ponto de vista do filhote macaco, é claro, rs...).

Eu quero ser protetora que nem uma macaca. Ela é engraçada, ela é acolhedora, mas tente tirar seu filhote pra ver o que acontece! Existem dentes e músculos fortes prontos a proteger a cria, sem meias palavras e com a rapidez que a vida exige.

Eu quero ser irracional que nem uma macaca. Quero seguir meus instintos sem pensar, sem racionalizar, sem ser razoável, sem querer agradar aos outros, sem fazer firulas, sem abrir concessões.

E eu quero ter a mesma certeza de estar fazendo tudo certo que tem uma macaca.

Esse desejo, o de ser uma mãe-macaca, é o meu primeiro desejo de mãe. Porque eu sei que meu filhote será um macaquinho e merecerá ter uma mãe-macaca!

E por falar em querer e desejos, a trilha sonora que embalou esse texto foi a seguinte, na voz do Milton, lindo, lindo, lindo!

Mistérios
Um fogo queimou dentro de mim
Que não tem mais jeito de se apagar
Nem mesmo com toda água do mar
Preciso aprender os mistérios do fogo pra te incendiar

Um rio passou dentro de mim
Que eu não tive jeito de atravessar
Preciso um navio prá me levar
Preciso aprender os mistérios do rio pra te navegar

Vida breve, natureza, quem mandou, coração

Um vento bateu dentro de mim
Que eu não tive jeito de segurar
A vida passou pra me carregar
Preciso aprender os mistérios do mundo pra te ensinar

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Vou sentindo cada vez mais seus movimentos. É estranho, mas a sensação mudou. No primeiro dia era um movimento sinuoso, depois venho sentindo movimentos mais diretos, não sei explicar.

Mas é muito bom, nos aproxima, torna sua existência menos etérea, mais terrena.

Comecei a ler um livro que a "tia" Marina nos emprestou, chama A vida secreta da criança antes de nascer. O autor fala da importância de se comunicar com o bebê ainda dentro da barriga. Ele fala que a vida no útero é muito solitária, porque muitas vezes não existe essa comunicação, uma vez que a mãe está preocupada com os assuntos "de fora" e por mais que esses assuntos tenham a ver com a chegada do bebê - preparação para o parto, enxoval, quarto, chá de bebê - a comunicação direta é muito importante.

Filho, confesso que pra mim ainda é estranho "conversar com uma barriga". Eu faço isso, venho fazendo cada vez mais, mas ainda requer certa concentração e esforço. Obrigada por ter me ajudado nessa aproximação... cada vez que você se mexe forte o suficiente pra eu sentir, fica mais fácil conversar com você.

domingo, 4 de novembro de 2012

Vida, Morte e Destino

O encontro com a Vida nos lembra da existência da Morte.

Provavelmente por isso a gravidez e principalmente o parto tragam consigo tanto medo. Se em nossa cultura a relação com a morte não é das mais bem resolvidas, nesse momento de celebração da vida a possibilidade  da morte torna-se ainda mais pavorosa.

E tal como personagens das tragédias gregas, podemos correr em direção ao nosso destino ao tentar fugir dele... o ensinamento é claro: não há como fugir. Dessa forma, o que nos resta é encará-lo e vivê-lo. "Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo".

Por outro lado, não podemos fazer como o fiel que em meio à enchente aguarda a salvação do Todo Poderoso. Se você não conhece a história, ela é mais ou menos assim: um homem muito crente, de fé fervorosa, está ilhado em meio a uma grande enchente; ele começa a rezar e pedir a Deus que o salve; não demora e aparece uma pessoa agarrada a uma boia dizendo pra ele se agarrar também; ele recusa e diz que Deus o salvará; ele continua rezando e dali a pouco surge alguém num barquinho, oferecendo ajuda; mais uma vez ele recusa e diz que Deus o salvará; a enchente piora, as águas sobem rápido, mas ele continua com rezando com fé, até que surge um helicóptero oferecendo uma corda e mais uma vez ele recusa, confiando na salvação divina; pouco tempo depois ele é levado pela enxurrada e morre; chegando no céu ele encontra com Deus e o questiona, dizendo que foi fiel à sua fé durante toda sua vida e que estava muito decepcionado com Deus, que o tinha abandonado, ao que Deus, pacientemente, responde: "mas eu atendi aos seus pedidos! Enviei uma boia, depois um barco e por fim até mesmo um helicóptero! O que mais você queria?!".

Não acredito que o destino seja algo determinado e imutável. Estudei um pouco sobre a Lei do Karma, o suficiente para saber que nosso destino molda-se constantemente, de acordo com nossas atitudes, de acordo com nossas escolhas.

É difícil saber de antemão em que cada atitude e cada escolha resultará e ninguém está livre de equívocos... por isso que é tão importante conhecer-se, estudar-se e confiar nos próprios sentidos e na própria intuição.